Com «Natural Law» a servir de prelúdio, os PRIMITIVE MAN aproximam-se do seu regresso com a força de uma entidade que, após anos de destruição sonora, encontra na contemplação a sua forma mais violenta de expressão.
Os PRIMITIVE MAN estão de volta e prometem não deixar pedra sobre pedra. O trio de Denver revelou o seu novo single, «Natural Law», acompanhado de um vídeo-clip sombrio que antecipa o lançamento do álbum «Observance», agendado para o dia 31 de Outubro via Relapse Records. Doze anos após a estreia, a banda liderada pelo guitarrista/vocalista Ethan McCarthy prepara-se para lançar aquele que descreve como sendo o seu registo mais esmagador, um mergulho brutal nas feridas do mundo contemporâneo — e nas suas próprias.
Segundo McCarthy, «Natural Law» representa uma das composições mais hipnóticas da banda até hoje: “É uma das músicas mais ‘trance-like’ em termos de composição e creio que se aproxima bastante do lado psicadélico negro que temos tentado capturar”, afirma o timoneiro dos PRIMITIVE MAN. A nível lírico, o tema aborda “sentimentos de isolamento, amigos e conhecidos que se tornam inimigos, e o modo como essa opção da violência está sempre presente — sendo uma escolha pessoal ceder ou resistir a ela”.
No comunicado de imprensa que acompanha o lançamento do single, McCarthy acrescenta ainda que se trata “de uma espécie de desafio dirigido a quem se revê nas palavras”, sublinhando que “há força e uma centelha no ódio, algo que se pode usar para seguir em frente ou acabar morto ou preso”. Disto isto, sabe-se já que o sucessor do muito aplaudido«Insurmountable», de 2022, vai ser editado num contexto bem distinto daquele que viu nascer a banda, em 2013, e reflete uma visão profundamente desencantada do presente.
«Observance» é descrito como “uma meditação devastadora sobre a alienação, a desilusão e a erosão do contrato social“. McCarthy transforma as suas próprias frustrações — pessoais e/ou profissionais — num espelho das divisões e desigualdades que assolam o mundo contemporâneo, onde a promessa de uma vida digna parece cada vez mais inalcançável para as classes trabalhadoras.
Inspirando-se no poeta Tongo Eisen-Martin, em particular na obra Blood On The Fog, o timoneiro dos PRIMITIVE MAN tece um discurso sem soluções fáceis: “Não ofereço quaisquer respostas, apenas partilho experiências”, admite o músico. O disco é menos um manifesto e mais um grito de exasperação diante de uma realidade que se deteriora a cada dia. Entre as inquietações mais urgentes emergem temas como o tecno-feudalismo, a precariedade e a apatia coletiva — um lamento pela incapacidade de resistência num sistema que beneficia os poucos à custa dos muitos.
Apesar da centralidade das letras de McCarthy, «Observance» é um trabalho de plena comunhão entre os três membros dos PRIMITIVE MAN. O vocalista e guitarrista juntou-se ao baterista Joe Linden e ao baixista Jon Campos pouco após a edição do EP anterior, e os três músicos mergulharam num processo de composição obsessivo, focado na construção de um som que fosse, ao mesmo tempo, muito pesado e corrosivo. A banda descreve essa fase como “consumidora, quase como uma febre criativa”, em que cada detalhe foi esculpido com precisão e paciência.
Musicalmente, os PRIMITIVE MAN exploram novas dimensões do seu peso bem característico. O álbum introduz um uso mais amplo de espaço e texturas, com interlúdios acústicos e paisagens eletrónicas que servem de respiro entre as erupções de sludge e doom. A banda não esconde as suas influências díspares — dos SWANS e CROWBAR aos SLOWDIVE e U2 —, reflectindo uma abertura estética cada vez mais rara dentro do extremo. A fusão, segundo McCarthy, permitiu-lhes “abraçar o rock em todas as suas formas”, expandindo a identidade da banda sem perder a essência corrosiva que a definiu.
Gravado e misturado entre Fevereiro e Março de 2025 nos Bricktop Recording Studios, em Chicago, com o produtor Andy Nelson, e posteriormente masterizado por Arthur Rizk, «Observance» promete marcar uma nova fase para os PRIMITIVE MAN — mais ampla, mas igualmente devastadora. A arte visual do disco, também assinada por McCarthy, dá continuidade aos temas de alienação, poder e resistência, funcionando como um reflexo visual daquilo que o músico descreve como “um mundo em colapso, mas ainda vivo o suficiente para gritar”. As pré-encomendas dos formatos físicos já estão disponíveis através da Relapse Records.

01. Seer | 02. Devotion | 03. Transactional | 04. Iron Sights | 05. Natural Law | 06. Social Contract | 07. Water















