PLINI

PLINI + GOD HATES A COWARD @ LAV – Lisboa ao Vivo, Lisboa | 26.06.2024 [reportagem]

O prodígio australiano PLINI regressou a Portugal e, assinou uma prestação irrepreensível a nível técnico e musical em que, uma vez mais, provou porque é um dos guitarristas mais elogiados da actualidade.

Numa semana recheada de concertos – com Hanabie. no dia anterior e Evil Live Festival no fim-de-semana – e com a selecção nacional de futebol a jogar no Euro 2024 (quem optou por ver o jogo teria dado por melhor empregue o seu tempo no concerto de PLINI –, várias podiam ser as desculpas para o facto de se ter registado uma afluência mais fraca em comparação com a anterior passagem do prodígio australino por esta sala. Algo que não se alterou, no entanto, foi a entrega do músico, que, a nível técnico e musical, assinou mais uma uma actuação imaculada.

Os instrumentistas que acompanham PLINI estão ao seu nível, e não há defeitos a apontar, mas no ar ficou uma vez mais a sensação de que ainda lhe falta um “bocadinho assim” para que os temas se tornem realmente eficazes em palco. O “problema”, se é que se pode chamar-se isso, é mais ou menos óbvio… O Sr. Plini tem o mesmo carisma de uma vassoura e isso faz que seja mais complicado entrar no seu mundo do que seria desejável.

Como é óbvio, não será justo apontar o dedo a artistas que tocam os temas exactamente como foram gravados nos discos (como é o caso) mas, ao vivo, é preciso oferecer mais qualquer coisa para que a plateia se mantenha interessada. Também é verdade que nem todos podem ser um Steve Vai ou um Yngwie Malmsteen – dois exemplos de guitarrista que, fazendo também música intrumental – têm uma presença que enche o palco, mas, a espaços, PLINI quase faz parecer o palco demasiado grande. Fora isso, importanta reiterar, a prestação do australiano foi imaculado.

Os temas foram tocados na perfeição e, apesar do próprio ter referido, depois de já ter intrepretado três temas, que «The Red Fox» não é uma canção fácil, principalmente para o público que costuma estranhar, em Lisboa o público tinha um enorme sorriso rasgado no seu rosto colectivo, algo que deixou PLINI visivelmente satisfeito.

Em termos de alinhamento, o principal foco da actuação foi, como previsto. «Mirage», o seu mais recente EP, de onde foram retirados três temas, incluindo a já mencionada «The Red Fox» e ainda «Ember» e «Still Life» (que, na versão original, conta com a participação de Tosin Abasi, dos Animals As Leaders. De resto, ouviram-se cinco temas do álbum de 2020 «Impulse Voices» («I’ll TellYou Someday», «Papelillo», «The Glass Bead Game», «Pan» e o tema-título) e a noite encerrou com «Electric Sunrise», do disco de estreia «Handmade Cities».

A assegurar a primeira parte, os GOD HATES A COWARD subiram a palco ainda frescos da sua aparição no Comendatio Music Fest e, apesar de positiva e bem recebida pelo público, a prestação da banda nacional acabou por ser um pouco prejudicada pelo som, que estava um pouco confuso no que à mistura das duas guitarras diz respeito, fazendo com que em alguns momentos que não se percebesse bem o que estava a ser tocado.