PLATA O PLOMO: XERIA [Valladolid]

Os XERIA formaram-se em 2017, em Valladolid, na província de Castela e Leão, só por si um território não muito comum para grupos de metal. Actualmente, a formação do quinteto passa por Félix Gacho, baixo, César Manjarrés, bateria, Carlos Z, guitarras, Víctor Herrera, teclas, e Marina Sweet, na voz. XERIA é “uma ideia original de César Manjarrés”, nas palavras de Víctor Herrera, que concedeu a entrevista à LOUD!, e segundo o músico “o César, depois de vasta experiência em diferentes projectos musicais, quis iniciar um grupo mais profissional, com ideias e objectivos bem definidos. O resultado foi estabelecer contactos com Félix e Víctor, porque “já tínhamos estado juntos em outra banda” e averiguar do interesse destes. Reunido o trio foi uma questão de pensar “no conceito principal do grupo, bem como em todos os detalhes do que fazer nos meses seguintes”, já com planos definidos e estilo musical escolhido é que começaram a “compor o primeiro tema”. Uma vez que a dimensão do projecto não permitia apenas três elementos, foi estabelecido contacto com Marina Sweet, que César já conhecia “de outras colaborações no passado” tendo esta aceite o convite “com bastante entusiasmo”. Os contactos de César, adquiridos na colaboração com outros músicos, levaram-no até Carlos Z, o guitarrista em falta, partindo-se assim para “a composição dos onze temas” que compõem «Tierra», disco de estreia do grupo, onde «Tienes Miedo» é um dos temas mais fortes e apelativos.

Neste registo de estreia, a melodia tem um papel importante, sendo pouco comum esta abordagem na maior parte dos nomes espanhóis, mas isso partiu da ideia base pois o colectivo pensou “ser importante fazer algo um pouco diferente, que trouxesse ar fresco ao metal”. Isto justifica que o grupo tivesse apostado em “melodias fortes e bonitas, reconhecíveis” para fazerem parte do som dos XERIA, até porque todos gostam do género e seria mais “fácil para criar algo único” em que os músicos se sentissem confortáveis para construir algo “diferente ou mesmo bom”, sentindo-se “confortáveis com o projecto e temas”. Confessando terem “múltiplas influências” na sua música, reforçam que “não existem outras bandas em Espanha que ofereçam o mesmo tipo de som”, o que motiva o orgulho do grupo pois “criar a tua própria identidade não é algo fácil de fazer.

As letras deste primeiro trabalho “abordam diferentes problemas que afectam o mundo”. Temas como «Tienes Miedo», são “críticas ao poder e dinheiro e como estes podem transformar as pessoas, ao ponto de apenas verem o que se passa no seu pequeno mundo e desconhecerem a realidade fora dele. Já um tema como «Tierra», aborda a temática “da guerra, imigração, crianças-soldado”, «Dosis» é naturalmente sobre “o vício da droga”, enquanto «Resurgir» é uma canção de esperança para “as vítimas de violência doméstica”. Tudo temas que diariamente se encontram nos jornais e que “são pragas do mundo actual, para as quais temos de estar conscientes e agir, por isso o disco recebeu o título «Tierra», para reforçar a importância de tomar conta do planeta”, indo o título do trabalho para lá da faixa com o mesmo nome.

Marina é responsável pelas letras neste trabalho, pois “possui uma grande habilidade de escrever letras num tempo recorde” revela Víctor. “Algumas vezes, eu e o César temos um novo tema pronto e ainda sem letra, conforme vamos tocando para ela escutar, a letra vai saindo, por vezes só tem de pedir para repetirmos uma parte da música”. Com a presença de Marina na voz, há sempre o fantasma do “female fronted metal”, que para Victor “não é um género, mas uma boa etiqueta para enfatizar a importância da mulher num estilo musical predominantemente masculino.