NASHGUL. Deixemos este quarteto apresentar-se; nas palavras dos próprios, são “uma banda galega de grindcore, com quase dezoito anos nas costas, dois álbuns, uma mão cheia de presenças entre EPs, splits e compilações, que fez diversas digressões pela Europa e Estados Unidos, tendo já tocado nos principais festivais do género.” Falta apenas referir que a actual formação conta com Alex na voz, Héctor na guitarra, Iván na bateria e Luis no baixo.
Possuir um nome como NASHGUL remete desde logo para o universo de Tolkien, domínio mais abordado pelo power e black metal, mas justificam isso por se interessarem bastante “por livros, filmes e BD“, tomando referências das histórias de que mais gostam e inserem nas letras dos seus temas. “A figura de Nazgûl resume o tipo de ambiente negro que pretendíamos associar ao colectivo.”
O grupo já é bem conhecido do público português, tendo feito diversas incursões no nosso território, sendo a presença no Milhões de Festa, apenas mais uma, de um nome que já chegou a estar presente do outro lado do Atlântico no Maryland Death Fest, por exemplo. «El Día Después Al Fin De La Humanidad» marcou a sua estreia nos longa-duração, em 2009, sucedendo-se «Cárcava», em 2016. Mais recentemente, já este ano, editaram «Death In Oslo – Live At Blitz».
Questionados sobre o porquê de terem editado um trabalho ao vivo, afirma que “foi algo que sempre tivemos na ideia e, em 2017, conseguimos uma excelente gravação da nossa passagem nos vinte anos do SWR Barroselas Metalfest, que tinha uma boa qualidade de som e imagem. Depois disso, tivemos a oportunidade de lançar um sete polegadas, em que figuravam diversas faixas de um concerto no Blitz de Oslo, Noruega, na digressão de 2015, por isso achámos que seria um excelente bónus para o nosso concerto português — e editámos tudo.”
«Cárcava», o último registo de estúdio, é um disco que até começa de forma melódica com «Progeria Inducida», mas logo explode num caos sonoro que nem sempre se fica pelo grindcore mais tradicional, como prova a doomesca «Premature Burial», muito Six Feet Under, que encerra os 31 minutos deste trabalho com catorze faixas. Uma das coisas que se nota desde cedo é a mistura de letras em inglês e castelhano, além de galego, facto justificado por serem “uma banda que faz o que quer quando quer, sendo normal mudarmos de linguagem para escrever as letras.” Apesar disso, os títulos são sempre em castelhano, sendo que «Cárcava», também nome de um dos temas, e que significa sepultura na sua língua materna, descreve o conceito do disco, que surgiu depois de terem visionado «The Premature Burial», de Roger Corman, em que «um homem vive obcecado com a ideia de ser enterrado vivo. A partir daqui, “o álbum desenvolve a ideia de interpretar uma cidade como uma sepultura e pode mesmo descrever-se como um trabalho conceptual.”
Repulsion, Napalm Death, Brutal Truth ou Assück são algumas das influências do quarteto, que já fez uma versão dos Repulsion — um dos muitos nomes de que fazem covers, como Nasum, Ramones, Mörser, Denak, Consumantum ou Kortatu, umas já gravadas, outras apenas tocadas ao vivo. Resta saber com qual delas irão brindar o público do Milhões De Festa!