PLATA O PLOMO:
BLOODHUNTER [A Coruña, Galiza]

A história dos BLOODHUNTER até passa muito por Portugal, pois o seu primeiro disco foi gravado em Braga nos Ultrasound Studios, com dedo de Pedro Mendes. A isto há que juntar o facto de o actual baterista ser Marcelo Aires, como Fenris, guitarrista e mentor do projecto, explica: “os Bloodhunter estavam à procura de um baterista, depois de Phoghett ter partido, foi nessa altura que, em conversa com o Pedro Mendes, este recomendou o Marcelo e combinou-se que fosse gravar a bateria aos Ultrasound Studios.” Até aí a banda já tinha trabalhado com diversos bateristas e queria gravar o disco, terminada a fase de mudança para Madrid, pois originalmente eram da Corunha. “Assim que vi o Marcelo a tocar, percebi que ele estava a um nível que nunca tinha encontrado antes“, explica o guitarrista. “Pedi logo que também integrasse a formação ao vivo e foi uma questão de tempo até fazer parte da banda a tempo inteiro.

Naturalmente que o tecnicismo da bateria de Marcelo se nota claramente neste trabalho, não só através do trabalho de pés, mas em particular no uso dos pratos, uma característica sua, que permite incluir aqui e ali uma nota que quebra a monotonia do tema, é escutar «Still Standing Up». Com o álbum homónimo, de 2014, que os trouxe um par de vezes a Portugal, incluindo ao Mangualde HardMetalFest, em 2016, o colectivo ganhou algum reconhecimento, em particular devido à sua vocalista Diva Satanica, ficando conhecidos pelo seu death metal com vocalizações femininas. Porém quando se escuta «Death & Rebirth», um dos temas de «The End of Faith», encontra-se um instrumental repleto de melodia, que revela um guitar hero na pessoa de Fenris.

A propósito desta primeira imagem que o grupo trazia, o guitarrista explica que necessitavam “de uma etiqueta como ponto de partida, para que as pessoas percebessem o tipo de música que fazíamos, mas sabemos que estamos para lá de uma só etiqueta” e, sobre comparações no passado, afirma que por terem uma vocalista e praticarmos melodic metal eram “sempre comparados aos Arch Enemy, mas penso que a nossa música não tem nada a ver com a deles, não quero criar equívocos com isto, pois é bom ser comparado a um grupo de primeira linha, mas há diferenças, além de que estão a um nível superior a nós.” O disco termina com uma versão de «Crystal Mountain» dos Death, que Fenris revela ter sido sugerida pelo antigo baterista e desde 2014 “tem vindo a ser tocada e, durante as gravações do novo disco, pensou-se que seria uma boa ideia adicioná-la como extra.

Fundado em 2008 por Fenris, contando com Diva Satanica, na voz, a partir do ano seguinte, o quarteto fica completo com o baixista Éadrom e o “nosso” Marcelo Aires na bateria. A secção rítmica está também envolvida com outros grupos e mesmo Diva Satanica teve algum reconhecimento a nível nacional com a sua participação em La Voz, versão espanhola do conhecido The Voice. Para perceberem a sua performance como Rocío, basta procurarem pela versão que fez para «Sweet Dreams», mas a vocalista explica como tudo aconteceu: “encontraram-me através das redes sociais e convidaram-me a fazer o casting.” Foi um risco propositado, pois era a primeira vez que uma vocalista de extreme metal iria a este programa de TV. “No fim tudo correu bem, pois estive lá três meses, apenas saindo na fase anterior à final“, e conclui “foi uma boa forma de dar alguma informação sobre o que é extreme metal e de publicitar a banda.

A publicidade até chegou na altura ideal, no momento da edição do novo disco e antecedeu um Verão recheado de actuações em grandes festivais, como relata a vocalista “tivemos a sorte de poder tocar em festivais como o Resurrection Fest, Otero Brutal Fest ou Leyendas del Rock, foi algo para que trabalhámos bastante e era o nosso objectivo com este disco, para os próximos discos queremos chegar aos festivais europeus.