Com a morte de PETER SINFIELD encerra-se a trajectória de um artista cuja influência foi muito significativa, embora nem sempre visível ao grande público. O seu trabalho, tanto no espectro do rock progressivo como noutros géneros, permanece como testemunho de uma dedicação criativa singular.
PETER SINFIELD, letrista e membro fundador dos KING CRIMSON, faleceu na passada quinta-feira, 14 de Novembro, aos 80 anos. A notícia foi avançada no site oficial da banda, sem que fosse divulgada a causa da morte. Nascido a 27 de Dezembro de 1943, em Londres, Peter destacou-se como uma das figuras mais marcantes da cena do rock progressivo e foi o principal letrista dos quatro primeiros LPs de estúdio dos KING CRIMSON: «In the Court Of The Crimson King», «In The Wake Of Poseidon», «Lizard» e «Islands». As suas letras, sempre ricas em imaginação e simbolismo, definiram a identidade artística do grupo, a que também deu o nome.
Além do papel de letrista, PETER SINFIELD desempenhou múltiplas funções nos primeiros anos do grupo e foi descrito como uma espécie de “faz-tudo”, colaborando como operador de luzes, engenheiro de som em digressões e, ocasionalmente, tocando sintetizadores nos concertos. A sua abordagem experimental e versátil foi fundamental na consolidação da reputação inovadora dos KING CRIMSON, mas a sua relação com Robert Fripp, o principal compositor do grupo, começou a deteriorar-se logo no início dos anos 70. Após conflitos criativos, Sinfield foi convidado a abandonar em 1972, marcando o fim de um período de intensa colaboração.
A separação de PETER SINFIELD dos KING CRIMSON não significou, no entanto, o seu afastamento total do mundo da música. Ao longo das décadas, este versátil artista consolidou uma carreira como produtor, letrista e compositor, deixando a sua marca em diferentes estilos. Produziu o álbum de estreia dos Roxy Music e também colaborou com os Emerson, Lake & Palmer, escrevendo letras para «Pirates» e «Karn Evil 9».
Além disso, em 1973, lançou o seu único álbum a solo, intitulado «Still», que, apesar de não ter alcançado um sucesso comercial significativo, revelou a sua capacidade como cantor e compositor. Durante os anos 80, Sinfield aventurou-se no mundo da música pop, escrevendo canções para artistas tão elogiadas como Cher e Celine Dion. Um dos momentos mais notáveis dessa fase foi o single «Think Twice», interpretado por Dion, que lhe valeu o prestigiado prémio Ivor Novello.