OZZY OSBOURNE + JUDAS PRIEST @ Altice Arena, Lisboa [reportagem]

E veio. Anos depois do fiasco Ozzfest, demasiadas vezes ignorado pelos promotores, mesmo quando a sua cara se repetia nos reality shows da MTV, o Madman finalmente veio a Portugal, para ser recebido por uma Altice Arena muito bem composta. Com ele vieram também os Judas Priest, aparentemente remetidos a banda suporte, mas olhando para o tempo de actuação foi um quase duplo-headlining.

Sobre a banda de Ian Hill, pois este é o membro que mais anos permaneceu no grupo, que hoje não tem nenhum dos fundadores, pouco haverá a dizer. Isto porque já nos visitaram inúmeras vezes e deram melhores concertos e também porque o alinhamento se revelou previsível e não muito distante dos anteriores, com o acrescento de alguns temas do recente «Firepower», nomeadamente «Lightning Strike» e «Rising From Ruins», para lá da abertura com o tema de título. Em tudo o resto foi o tira daqui, mete dali, com as faixas obrigatórias. Sem solo de bateria, Scott Travis teve do pior som que a ele se pôde escutar no nosso país, já mais explicável foi a quase ausência de twins guitars a solarem, marca registada do grupo de Birmingham. Andy Sneap e Richie Faulkner estarão a anos-luz do relacionamento entre Tipton e Downing. «Hell Bent For Leather» chegou com a habitual moto e «Painkiller» fechou cheia de garra. Já o encore foi uma pequena decepção, não pelo grupo mas pela assistência. Temos dois temas clássicos, temos um Tipton a esforçar-se para subir a palco e tocar, e a plateia reage com tanta emoção como a um golo da Islândia no mundial? Até o tema dos Pantera prévio aos 75 minutos de Judas Priest teve melhor reacção.

Faltavam cinco minutos para as dez da noite e nos ecrãs de vídeo corria uma intro a visitar várias fases da vida de John Michael Osbourne. Uma gigantesca cruz branca dividia os dois ecrãs, sobre um palco desprovido de adereços. O que se seguiu foi puro rock, sem gorduras, servido por um som de excelente qualidade, com um Príncipe das Trevas bem ladeado por excelentes músicos. Arranca «Bark At The Moon» e já se percebe o que aí vem, segue-se «Mr. Crowley» e tudo poderia terminar aí que já seria uma excelente noite, mas Ozzy ainda possui uma mão cheia de excelentes temas feitos com Randy Rhoads e saca «I Don’t Know». Por essa altura todos já tinham percebido que Zakk Wylde estava de kilt, Adam Wakeman iria ser o músico de serviço a segurar as pontas e a secção rítmica ia martelar forte e feio. Umas palavras de circunstância e vamos até «Fairies Wear Boots», primeiro de três momentos Black Sabbath da noite, com os ecrãs a tornarem-se psicadélicos, vá lá saber-se porquê. Entre passos curtos, os habituais baldes de água, apenas dois, alguns efeitos laser e uma dispensável «Road To Nowhere» lá se chegou a «War Pigs», o ponto de partida para o momento alto da noite, os solos.

Sim, séc. XXI e elogiam-se solos. Ou melhor, um inacreditável guitar shredding do Sr. Zakk, que baixou até à plateia, tocou imenso, ensaiou um medley instrumental com temas de Ozzy, percorreu toda a frente de palco a solar com a guitarra atrás das costas, continuou, solou, tudo nuns bons dez minutos. Quando subiu ao palco, foi a vez de Tommy Clufetos justificar sentar-se num lugar ocupado antes por Aldridge, Appice ou Bordin. Impressionante solo de bateria, o que assinou. Com Ozzy de volta ao palco tivemos ainda «Shot In The Dark» e o final chegou com «Crazy Train». Ainda estavam os músicos a sair de palco e Ozzy já gritava “one more song!”, que seriam duas na realidade, com a obrigatória «Paranoid» a encerrar noventa minutos de muita qualidade, com «Changes» a ecoar no sistema de amplificação enquanto se abandonava o espaço.

ALINHAMENTO JUDAS PRIEST
Firepower
Grinder
Sinner
The Ripper
Lightning Strike
Bloodstone
Turbo Lover
Rising From Ruins
Freewheel Burning
You’ve Got Another Thing Comin’
Hell Bent for Leather
Painkiller
Metal Gods
Breaking the Law

ALINHAMENTO OZZY OSBOURNE
[intro] O Fortuna
Bark at the Moon
Mr. Crowley
I Don’t Know
Fairies Wear Boots (Black Sabbath)
Suicide Solution
No More Tears
Road To Nowhere
War Pigs (Black Sabbath)
Zakk Solo
Medley: Miracle Man / Crazy Babies / Desire / Perry Mason
Tommy Solo
I Don’t Want to Change the World
Shot in the Dark
Crazy Train
Mama, I’m Coming Home
Paranoid
[outro] Changes