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OZZY e MADONNA: Confere o dueto secreto que quase ninguém ouviu [streaming]

OZZY OSBOURNE + MADONNA = uma colaboração improvável, perdida em burocracias e recuperada décadas depois. A revelação traz também de volta uma história rocambolesca que liga duas das figuras mais icónicas da música pop e metal dos anos 80.

Na sequência de anos de rumores, a improvável colaboração entre Ozzy Osbourne e Madonna volta a ganhar vida — e, desta vez, com todas as peças finalmente encaixadas. O tema «Shake Your Head», da dupla WAS (NOT WAS), esconde um percurso atribulado feito de versões canceladas, vozes trocadas e decisões de bastidores que quase apagaram para sempre o dueto entre duas das figuras mais marcantes dos anos 80.

A história, que parecia condenada à obscuridade, ressurgiu graças a Louis Osbourne, filho mais velho do vocalista dos BLACK SABBATH, que a relatou recentemente no podcast Trying Not to Die, conduzido pelo seu meio-irmão Jack Osbourne.

Segundo Louis, a primeira versão de «Shake Your Head» remonta às sessões do álbum «Born To Laugh At Tornadoes», de 1983, dos Was (Not Was). Foi nessa altura que um Ozzy Osbourne em plena ascensão a solo gravou uma participação para a faixa. A surpresa? Madonna também tinha gravado vozes para a canção, numa fase em que ainda não era a super estrela global que viria a tornar-se poucos meses mais tarde. Todavia, e apesar do entusiasmo inicial, a colaboração nunca chegou realmente a ver a luz do dia — pelo menos não oficialmente.

No podcast, Louis explica que o plano original era lançar a versão com Madonna, mas a artista (ou a sua equipa) acabou por recusar a autorização. “Os Was (Not Was) fizeram o dueto com a Madonna. Foi escrito para ela, numa altura em que o meu pai estava no auge e ela também. Mas ela explodiu completamente e depois não deu aprovação final para o lançamento”, recordou. A recusa deixou o projecto em suspenso, e forçou o grupo a reescrever os seus planos.

A solução encontrada acabou por ser tão inesperada quanto o problema inicial. Já no auge da carreira cinematográfica, a actriz Kim Basinger foi chamada para regravar as partes vocais, numa tentativa, que hoje sabemos frustrada, de aproveitar a sua popularidade para impulsionar a faixa para o mercado pop. “Quando a Kim Basinger estava naquele grande momento da carreira, quiseram também fazê-la uma pop star. Gravaram a voz dela para substituir a da Madonna”, acrescentou Louis.

A versão com a actriz e Ozzy tornou-se a mais conhecida durante anos — mesmo que o conceito original nunca tenha sido totalmente esquecido. Contudo, a história ganhou um novo capítulo já durante os anos 90. Enquanto trabalhava numa compilação de remisturas, o produtor Steve “Silk” Hurley recebeu, dizem que por engano, as faixas vocais originais de Madonna.

O resultado foi uma nova mistura que juntou, por fim, as vozes de Madonna e Ozzy — um dueto que, até então, existia só como hipótese. A faixa acabou por ser incluída na colectânea «Now Dance 92», transformando-se um tesouro muito bem escondido só para coleccionadores e aficionados da cultura pop.

Agora, pelos vistos, tornou-se óbvio que o suposto erro não terá sido final um erro. Numa entrevista à Rolling Stone, Don Was, membro dos WAS (NOT WAS) e produtor conceituado, explicou que a banda entregou intencionalmente as vozes de Madonna ao misturador. “Ela fez um trabalho incrível… mas já não soava a Was (Not Was)”, confessou. “Oito anos depois percebemos que tínhamos Ozzy e Madonna em pistas paralelas, por isso enviámo-las a um misturador… e ele transformou-as num dueto.”

Várias décadas mais tarde, o tema voltou a circular quando a versão Ozzy + Madonna foi discretamente carregada para o YouTube, reacendendo a curiosidade sobre uma colaboração que parecia impossível no papel, mas que acabou, ainda que tarde, por chegar ao público. A publicação da canção — acompanhada pela versão com Kim Basinger e pela entrevista de Louis Osbourne — reabre a janela para um momento quase perdido da história musical dos anos 80, onde a pop emergente e o heavy metal colidiam de forma tão improvável quanto fascinante.