OVERKILL:
ARSENAL INFERNAL

Numa altura em que já passaram dois anos desde que a lenda do thrash norte-americano passou por Portugal pela última vez para uma explosiva actuação no do Vagos Open Air, os OVERKILL estão finalmente de regresso ao nosso país para um concerto em nome próprio e num ambiente mais intimista. O quinteto liderado por Bobby “Blitz” Ellsworth e D.D. Verni sobe ao palco do Paradise Garage, em Lisboa, trazendo Na bagagem não só os temas novos mas também uma série de clássicos incontornáveis do estilo em que se inserem. Em antecipação à passagem da tour de promoção a «White Devil Armory» por Portugal, recordamos parte da conversa do Nelson Santos com a carismática voz dos nova-iorquinos — publicada na LOUD! #160 — acerca do mais recente registo de estúdio e do regresso ao nosso país.

Overkill nunca é mais do mesmo, apesar do estilo bem característico. Nesse sentido, quais pensas ser as grandes particularidades de «White Devil Armory»?
Bom, nós não calculamos demasiado o que fazemos, mas temos os nossos processos. Quisemos atingir aquilo que eu chamo de uma terceira dimensão de um disco, aquele feeling extra e a emoção que demonstre bem as diferentes naturezas dos Overkill, seja isso o ritmo mid-tempo que trazemos do final dos anos ’80 representado numa produção moderna ou coisas mais pesadas. Obviamente que é um disco de thrash, mas tem elementos de heavy metal, punk, rock ‘n’ roll… É um disco directo, mas também tem melodias. Se há uma coisa que queremos sempre melhorar é o som e acho que ainda fomos um pouco mais adiante que no «The Electric Age».

Direi que este não é dos vossos álbuns mais obscuros em termos de conceito, apesar de haver aqui um diabo e um arsenal. Há muitas metáforas escondidas nestas letras?
Nem por isso. Já há algum tempo me deixei de criticismos sociais e de reflectir demasiado sobre o mundo; aqui é mais a emoção à flor da pele. Não me sinto qualificado para falar de assuntos políticos ou sobre como esta ou aquela pessoa deve viver em determinado país. Quando ponho um disco a tocar quero que ele me leve para longe disso, não o contrário, daí que escreva com a prespectiva da emoção. «White Devil Armory» não é nada de mais para além de uma imagem que criámos nas nossas cabeças; uma entidade que é, ao mesmo tempo, perigosa, mas unificadora. Quanto a dizeres que não é dos nossos álbuns mais dark, concordo, porque talvez seja o reflexo do bom momento que atravessamos. Há um ambiente positivo à nossa volta e em redor da comunidade thrash. Não falo apenas das bandas antigas, mas também das mais novas e das de “meia-idade”… A cena apoia-se. Alguns dos maiores festivais do mundo incluem hoje bandas de heavy e thrash metal. Às vezes, quando se fala nos bons velhos tempos, eu acho que estes são os bons velhos tempos! Devido à quantidade de pessoas envolvidas e às diferentes gerações que gostam disto. Nós vemos pais e filhos nos concertos, é normalíssimo termos um fã de 50 anos e outro de 15. Divergi um pouco da questão, mas é para explicar que talvez seja esse também o nosso arsenal.

A 1 de Novembro voltam a Lisboa, depois de terem deixado óptima marca no Vagos Open Air de 2012. Portugal é um bom poiso para os Overkill?
Sempre foi. Sempre que aí fomos – penso que, quatro vezes – é uma experiência e tanto. Lembro-me bem do festival de Vagos, estávamos curiosos por ver os Coroner, vimos os Arch Enemy… diria que o Vagos foi um excelente festival intimista, se é que me entendes. Foi num campo de futebol, com bastante gente, mas mantendo um cariz pessoal. Passámos dois dias de folga numa cidade junto ao mar, adorámos, e ansiamos pelo regresso a Lisboa. Vão ser três semanas com os Prong e já planeamos uma segunda tour europeia para Março de 2015 e uma segunda tour americana para Abril! Eu não me queixo, onde gosto é de estar no palco e é onde atinjo os meus momentos maiores. Seja em Lisboa, em Nova Iorque ou em Tóquio. Desconfio que o meu sangue corre tão rápido, que a energia tem de o acompanhar. [risos]

Vamos fazer futurologia com números redondos: veremos os Overkill celebrarem 40 anos em 2020?…
Bom… é a pergunta que me deixou mais desprevenido de sempre. [risos] Não sei. Acho que sou uma pessoa mais oportunista, que vive dia a dia. O D.D. É um pouco mais planeado que eu. Guardo com todo o apreço todos estes anos em que fui coleccionando amigos, as memórias e todos os álbuns, concertos, etc. O que torna o hoje especial é não sabermos o que o amanhã vai trazer. Por isso, não gosto de prever nem mesmo planear o futuro; é algo que não tem muito a ver comigo. E com o qual também não me tenho dado mal nos Overkill. Naturalmente, há que planear digressões e lançamentos dos álbuns mas, no fundo, sou uma pessoa do dia-a-dia. Prever um período de dez anos seria uma contradição com a minha filosofia. Mas espero cá estarmos, claro.

A passagem dos Overkill pelo Paradise Garage conta também com três grupos de suporte que prometem tornar a noite ainda mais memorável. Igualmente lendários e quase tão influentes, os conterrâneos PRONG são já veteranos no cenário da música extrema, enquanto os ENFORCER e os DARKOLOGY mostram de que fibra é feita a nova geração de peso.

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