Dúvidas restassem, esta vitória vem reafirmar de forma inegável o estatuto dos OPETH no panorama do metal progressivo.
Os OPETH foram distinguidos na categoria de ‘Melhor Álbum de Hard Rock/Metal‘ na edição deste ano dos Grammis, o equivalente sueco aos Grammy Awards. A cerimónia decorreu na noite de ontem, quinta-feira, dia 27 de Março, no Annexet, em Estocolmo, e premiou os lançamentos mais marcantes de 2024 no panorama musical sueco. O prémio foi atribuído graças ao mais recente álbum da banda, «The Last Will And Testament», lançado em Novembro de 2024 através da Reigning Phoenix Music/Moderbolaget.
Nesta competição pela estatueta, os OPETH superaram nomes de peso da cena rock e metal sueca. Os nomeados na categoria de ‘Melhor Álbum Hard Rock/Metal’ incluíam também os AMARANTHE com «The Catalyst», os HORNDAL com «Head Hammer Man», os NESTOR com «Teenage Rebel» e ainda os SKRAECKOEDLAN com «Vermillion Sky». A vitória reforça o estatuto dos OPETH como uma das bandas mais influentes e consistentes do metal progressivo contemporâneo.
«The Last Will And Testament», o 14.º LP de estúdio dos OPETH, é um dos trabalhos mais ambiciosos e sombrios da banda em décadas. Concebido como um álbum conceptual, o disco desenrola-se na era pós-Primeira Guerra Mundial, narrando a leitura do testamento de um patriarca rico e conservador. A revelação de segredos de família enterrados há anos desencadeia um turbilhão de emoções e tensões entre os membros da família. O enredo acompanha as reações dos filhos gémeos do patriarca e ainda a enigmática presença de uma jovem órfã com poliomielite, acolhida pela família e cuja presença no evento levanta suspeitas e desconfiança.
A profundidade narrativa é acompanhada por uma sonoridade bem densa e progressiva, onde os OPETH exploram atmosferas sombrias e complexas, evocando o espírito das grandes produções clássicas do rock progressivo clássico. Musicalmente, o longa-duração revela-se uma fusão muito equilibrada de peso e de melodia, com passagens acústicas, arranjos de cordas elaborados e um trabalho vocal muito meticuloso de Mikael Åkerfeldt.
O álbum foi inteiramente escrito pelo talentoso Åkerfeldt, com letras desenvolvidas em colaboração com Klara Rönnqvist Fors (THE HEARD, ex-CRUCIFIED BARBARA). A produção ficou a cargo de Åkerfeldt em parceria com Stefan Boman ( famoso pela sua associação aos GHOST e aos THE HELLACOPTERS), com a engenharia de som a cargo de Boman, Joe Jones (KILLING JOKE, ROBERT PLANT) e dos OPETH. O LP foi misturado nos Hammerthorpe Studios, em Estocolmo, enquanto a masterização e o corte da edição em vinil foram conduzidos por Miles Showell nos icónicos Abbey Road Studios, em Londres.
A sonoridade progressiva e sinistra do álbum foi reforçada pela contribuição de vários músicos ilustres. O lendário flautista Ian Anderson (dos JETHRO TULL) deixou a sua marca em faixas como «§4» e «§7», além de narrar trechos de «§1», «§2», «§4» e «§7». Por seu lado, Joey Tempest, dos EUROPE, ofereceu vozes de apoio em «§2», enquanto a filha mais nova de Åkerfeldt, Mirjam Åkerfeldt, emprestou a sua voz etérea a «§1».
«The Last Will And Testament» foi recebido com entusiasmo tanto pelos fãs como pela crítica, sendo amplamente elogiado pela sua abordagem sombria, narrativa envolvente e complexidade musical. O álbum foi descrito como o trabalho mais progressivo da banda em décadas, evocando a era dourada do rock progressivo e, simultaneamente, expandindo os limites do metal moderno. Portanto, esta vitória nos Grammis só vem reforçar um pouco mais o estatuto dos OPETH como mestres no seu próprio domínio musical, mantendo uma trajectória artística sólida e respeitada ao longo de mais de três décadas de carreira.
