OBITUARY

OBITUARY: «The End Complete» (1992)

O «The End Complete» foi editado a 21 de Abril de 1992. 32 anos depois, recordamos aquele que pode bem ser o álbum definitivo dos OBITUARY.

Os POSSESSED e os DEATH até podem ter dado vida, no pun intended, ao death metal, mas os OBITUARY foram cruciais na afirmação da tendência como um subgénero da música extrema por direito próprio. Formados como EXECUTIONER, em Seffner, na Florida, corria o ano 1984, a banda retirou o “E” do nome, tornando-se XECUTIONER, depois de saber da existência de outro grupo com a mesma designação.

A primeira formação era composta por John Tardy na voz, Jerry Tidwell e Trevor Peres nas guitarras, Jerome Grable no baixo e Donald Tardy na bateria. Nos primeiros três anos de existências gravaram várias maquetas, acabando por estrear-se em vinil corria o ano de 1987, com dois temas — «Find The Arise» e «Like The Dead» — a serem incluídos na compilação «Raging Death», da Godly Records.

Pouco depois do lançamento desta colectânea, Grable foi substituído por Daniel Tucker e Tidwell por Allen West, e no ano seguinte, pouco antes do lançamento do primeiro álbum, trocaram finalmente de nome para OBITUARY.

«Slowly We Rot», o álbum de estreia do quinteto, foi editado em Maio de 1989 e, juntando o que bandas como os POSSESSED e DEATH andavam a fazer com um enorme fascínio pelos HELLHAMMER/CELTIC FROST, elevou o death metal a todo um novo nível de morbosidade.

Temas como «Internal Bleeding», «Words Of Evil» e «Intoxicated» não eram simplesmente uma forma extrema de thrash condimentada por vocalizações animalescas — não, eram death metal de pleno direito, com as guitarras afinadas em baixo, riffs monstruosos, uma voz agonizante e mudanças de tempo que levavam as canções a ritmos doom, bem distantes da velocidade quebra pescoços do thrash.

A fórmula seria aperfeiçoada no álbum seguinte, o «Cause Of Death», de Setembro de 1990, com Frank Watkins no baixo e, especialmente, James Murphy [o ex-Death que tinha ocupado o lugar deixado vago por West] a imprimir uma sensibilidade um pouco mais melódica à sonoridade do grupo.

Lançado a 21 de Abril de 1992 pela Roadrunner Records, o terceiro álbum de estúdio dos OBITUARY, «The End Complete», marcou o regresso de Allen West à banda e foi, à semelhança dos dois discos anteriores, gravado e misturado nos lendários Morrisound Recording em Tampa, na Florida, sob a produção do não menos lendário Scott Burns.

Composto por nove amostras da tradicional hecatombe sonora que, por esta altura, era já uma marca registada do colectivo, ao terceiro longa-duração os músicos apoiaram-se mais uma vez nas características mudanças de ritmo que sempre os destacaram de toda a competição (ouça-se, por exemplo, o salto da levada thrash para um andamento puramente doom na «Back To One»), para criarem aquele que muitos vêem como o registo mais equilibrado de sempre da carreira da banda.

O retorno de West foi, agora percebe-se, crucial — não só porque os seus solos eram uma das características definidoras dos OBITUARY, mas também porque o guitarrista era um compositor excelente, co-escrevendo quatro das nove músicas que a banda decidiu registar nesta ocasião. A produção cristalina e directa de Scott Burns também não deve ser subestimada.

Se havia algum defeito a apontar aos dois primeiros álbuns do grupo era o som demasiado enlameado e isso deixou de ser um problema aqui; os tons de guitarra são incrivelmente vívidos, a bateria soa bem poderosa e as vocalizações de John Tardy, muitas vezes dobradas para se tornarem mais intensas, foram tão bem captadas que até permitem perceber algumas das letras. No geral, não há defeitos a apontar.

«The End Complete» acabaria por transformar-se no lançamento mais bem sucedido de toda a carreira dos OBITUARY, tendo vendido quase 600 mil cópias desde o seu lançamento. Em pouco mais de 36 minutos, a banda serviu mais uma amostra da sua abordagem única ao death metal, provando que não precisava de apelar à técnica ou a truques de produção para soar tenebrosa e realmente assustadora. Com um total de nove temas divididos por 39 minutos de duração total e nem um segundo de ‘filler’, este pode bem ser o álbum definitivo da banda liderada pelos irmãos Tardy.