O álbum dos OPETH que é “muito pretensioso”, segundo Mikael Åkerfeldt

Os OPETH passaram as últimas três décadas a crescer a todos os níveis, transformando-se mesmo num dos nomes mais influentes da sua geração e acumulando um corpo de trabalho que revela uma devoção enorme ao conceito de progressão estética e um fervoroso desejo de busca pela perfeição. Sinónimo de evolução, são já um dos nomes mais consensuais no espectro em que se movem. Do death metal sueco infundido de romantismo dos primeiros discos, à mistura perfeita de agressividade e melodia de «Still Life» e «Black Waterpark», passando ainda pela criatividade dos registos mais recentes – o último «In Cauda Venenum» foi editado em duas versões, uma cantada em inglês e outra cantada em sueco –, ao longo dos últimos trinta anos, o inimitável Mikael Åkerfeldt, estratega e principal compositor do grupo, tem mostrado saber exactamente como remodelar o seu veículo artístico sem sacrificar o espírito criativo e
aventureiro que o caracteriza desde a formação em 1990.

Pela forma única como fundiram elementos do death metal melódico com influências de rock progressivo e da folk, os músicos destacaram-se desde cedo. Lançados entre 1995 e 2001, os primeiros LPs — «Orchid», «Morningrise», «My Arms, Your Hearse» e «Still Life» são considerados clássicos do underground dos 90s e a sua abordagem complexa e sui generis, traduzida em composições longas, que alternam entre momentos agressivos e passagens mais calmas, fez furor. Não há, no entanto, como negar que são o retracto de uma banda em crescimento e o Sr. Akerfeldt parece ter noção disso. Numa entrevista recente com o Ultimate Guitar, o músico ssueco foi convidado a nomear qual o registo dos OPETH que considera “mais pretensioso” e respondeu com um sinceridade desarmante. “Entre os três discos que lançámos pela Candlelight, acredito que os meus favoritos sejam o primeiro e o «My Arms, Your Hearse», começou por dizer ele. “Na altura em que fizemos o segundo, «Morningrise», éramos mesmo muito pretensiosos — foi uma altura em que jogávamos xadrez, líamos poesia, coisas assim. Éramos só jovens, sabem? Mas gosto de todos. Lembro-me que estávamos também a planear a nossa futura dominação mundial no circuito ao vivo, porque naquela altura não tocávamos muito. Ensaiávamos no escuro para podermos tocar as músicas sem olhar… Tudo isso é pretensioso, mas foi o que fizemos.