A relação entre os morcegos e o heavy metal não vem de agora e teve o seu episódio mais famoso no dia em que Ozzy Osbourne arrancou inadvertidamente a cabeça a um desses mamíferos durante um espectáculo nos Estados Unidos. Pois bem, recentemente uma equipa de cientistas da Universidade do Sul da Dinamarca andou a investigar a fundo os sons emitidos pelos morcegos e descobriu várias semelhanças com a técnica utilizada pelos vocalistas de death metal para produzirem as suas vocalizações guturais, fazendo com que esta estranha ligação vá muito além do que se tinha imaginado. Segundo uma notícia divulgada pela CNN, o estudo concluiu que os morcegos têm um alcance vocal de sete oitavas e conseguem produzir mais sons que os seres humanos. Para comunicarem através da ecolocalização (a sofisticada capacidade biológica de detectarem a posição e/ou distância de objectos, obstáculos no meio ambiente ou animais através da emissão de ondas ultrassónicas), estes mamíferos preferem usar as frequências mais graves — é aí que surgem as referidas semelhanças com o death metal e a música extrema. “Identificámos pela primeira vez quais as estruturas físicas dentro da laringe que oscilam para produzir essas diferentes vocalizações“, diz Coen Elemans, o principal autor do estudo. “Os morcegos podem, por exemplo, emitir sons de baixa frequência, usando as chamadas ‘pregas vocais falsas’ – como os cantores de death metal também fazem para produzirem os seus rugidos guturais. As pregas ventriculares, ou pregas vocais falsas, estão localizadas em cima das cordas vocais verdadeiras. Anteriormente, acreditava-se que essas dobras não desempenhavam qualquer papel na fala humana normal. No entanto, este estudo revela que elas são cruciais para algumas formas únicas de vocalização, como a voz ‘rosnada’ característica do death metal“. O estudo foi publicado pela Plos Biology e pode ser consultado aqui.