Com o selo de qualidade da Une Vie Pour Rien chega-nos a magnífica compilação «Paris On Oi!» contendo treze temas inéditos de treze novas bandas da cena Oi! parisiense. Começando logo com o poder de fogo dos Tchernobyl que é também uma das bandeiras desta nova cena e a energia dos A Cran. De seguida dois nomes que recentemente visitaram Portugal, os Fracture e Squelette abrem caminho para os mediáticos Contusion. A fechar o lado A do LP os Sens Critique e os Resilience. O lado B arranca com um dos nomes mais rodados, os Gonna Get Yours, seguindo para uma das boas surpresas do disco, os excelentes Cran, que trazem uma frescura revigorante à compilação. O típico Oi! francês continua com o som dos Bromure e as suas melodias presentes no saxofone a balancear com a voz agressiva. Seguem-se os novatos Recidive e a sonoridade dura dos magníficos Faction-S. A fechar em beleza o Oi! directo dos Parpaing. Resumindo, uma fantástica compilação do que se vai fazendo pelas ruas de Paris, um resultado bastante homogéneo sem momentos baixos.
Uma das bandas presentes na compilação, os Fracture, lançam também um maxi LP self titled com cinco temas, através da espanhola Common People. Streetpunk simples e honesto feito por um rapaz e duas raparigas onde todos cantam dando um ambiente cheio nas vocalizações. Por vezes tentam uma aproximação a algumas composições mais próximas do post-punk, mas sempre assente numa base Oi! com linhas fortes e directas.
Continuando em França, os Coeur Vaillant lançam três temas num 12” com assinatura da Nouvelle Aube Production. Este EP em nome próprio cimenta a banda como um dos projectos mais interessantes de França, bebendo muito das influências dos anos 80, com uma guitarra bem trabalhada e vocalizações densas. Projecto criado por Jibé (West Side Boys) e Dave Rockin (Faction-S, Tchernobyl) com muita personalidade, que tem em breve novo disco nas ruas.
Ainda por Paris, a cidade luz, os The Reason Why lançam através da germânica Contra Records o seu LP de estreia, também ele self titled. Parece que a malta não anda muito inspirada no que respeita a títulos de discos. Dez temas de puro hardcore com um feeling muito old school e influência de bandas como Warzone, Violent Children ou Chain Of Strenght. Riffs rápidos, voz feminina raivosa e muita atitude onde a filosofia straight edge e o culto skinhead complementam o menu.
Os Complete Loss vêm da Alemanha, mas para não variar editam o seu primeiro álbum, após o EP de estreia, também sem título. Onze temas de punk/ hardcore mesclado com Oi! onde se destaca a voz muito na linha de Sick Of It All assente num instrumental muito punk com uma guitarra sem grande distorção, mas muito ataque. Um cruzamento de Marching Orders com No Time, coros fáceis e muita garra. Excelente disco com edição da Contra Records.
Uma boa surpresa vem do país vizinho em forma de 7” lançado pela Tough Ain’t Enough: o EP de Reo. E este tem título! «Sobre Las Ruinas» é o nome do disco contendo quatro músicas com um streetpunk arrastado, guitarras sóbrias, coros orelhudos, mas sem pisarem a linha do demasiado melódico. Para fãs de Reconquesta ou Vis Vires.
Um dos melhores discos dos últimos tempos é o split EP entre os italianos Iena e Scalpo, editado pela Hellnation Records e pela Timebomb Records, com dois temas de cada grupo (sendo que Iena com uma cover de Litfiba e Scalpo com uma versão de Rough). Os Iena continuam com o seu streetpunk inspirado nos Nabat e na mesma liga dos Rixe, com duas malhas suadas e uma vibe da velha guarda, tirando o pé um pouco do acelerador relativamente aos trabalhos antigos. Os Scalpo numa sonoridade mais obscura, com uma vocalização mais sinistra e um peso a ir de encontro à nova vaga de bandas que normalmente encontramos no catálogo da Mendeku Diskak. Um punk áspero e acutilante. A não perder!