A memória de um dos concertos mais explosivos de sempre — não só dos NINE INCH NAILS, mas do rock em geral. Aconteceu a 13 de Agosto de 1994.
Woodstock 69, o final de uma década de música, paz e amor. Boring! 25 anos depois, alguém se lembra de recriar o evento, junta uma pomba extra ao cartaz, alguns nomes do anterior festival e outros conhecidos, reúne uma mão cheia de upcomers, entre eles uns tais de NINE INCH NAILS. EXCITING! Para lá de NIN, estão no cartaz os AEROSMITH, METALLICA, RED HOT CHILI PEPPERS, PORNO FOR PYROS, PAUL RODGERS, ALLMAN BROTHERS, entre outros, e isto só na família mais pesada. JACKYL abre hostilidades com um set que termina com a obrigatória «She Loves My Cock», e com o vocalista Jesse James Dupree a fumar um grande charro para as câmaras de TV.
Quente? Talvez, mas a chuva acalmou as coisas e transformou o recinto num ringue de lama, que se agravou no segundo dia, data em que os NINE INCH NAILS actuaram. Importa recordar que 1994 é o ano em que o grupo de Trent Reznor lançou o seu segundo longa-duração e, até hoje, mais importante disco da carreira: «The Downward Spiral».
É uma banda no pico da criatividade, já com a experiência do festival Lollapalooza, que temos aqui em palco. A disputa com a editora e as opções tomadas com os EPs «Broken» e «Fixed» já tinham colocado a banda no radar, mas, ainda antes do descalabro de 1999, o Woodstock de 94 também serviu para mostrar a todos a raiva que Reznor trazia ao mundo. Rezam as crónicas que a decisão de todos se cobrirem de lama veio antes de subirem ao palco. Reznor afirma que o som estava horrível e foi das suas piores actuações.
Para o registo, foi dos concertos com mais densidade de público, superando muitos cabeças-de-cartaz; para a banda, serviu para pagar as contas. O que o mundo viu foi o caos em palco, um séc. XXI que chegava seis anos mais cedo. «Happiness In Slavery», registado no festival, venceria o Grammy de 96 para Best Metal Performance e retrata a luta em palco, Reznor vs. keyboards. O resto é história.