Prika Amaral, a guitarrista e fundadora das brasileiras NERVOSA, falou recentemente sobre o actual momento que a banda, que conta ainda com Diva Satanica na voz, Mia Wallace no baixo e Eleni Nota na bateria, está actualmente a passar. Depois de, em 2020, a banda ter sofrido profundas mudanças de formação, com o abandono da baixista e vocalista Fernanda Lira e da baterista Luana Dametto, a estratega do projecto teve de reformular completamente o grupo, que acabaria por editar um novo álbum, intitulado «Perpetual Chaos», já no início deste ano via Napalm Records.
Aos 19 minutos e 10 segundos do vídeo que podes ver no player em cima, o jornalista Paulo Baron perguntou a Prika se em algum momento lhe passou pela cabeça ter um homem na banda, ao que a guitarrista respondeu: “Isso jamais passou pela minha cabeça e jamais passará“, e em seguida explicou o motivo desta decisão. “No começo, quando comecei a tocar guitarra, em 1999, era muito difícil achar meninas para tocar“, diz Amaral. “Quando encontrava alguém, eram sempre meninas muito novas, que ainda estavam a estudar, que não se dedicavam muito ao instrumento, que tinham o sonho de ser profissionais, de tocar em bandas, mas não tinham a atitude. Porque estavam com o foco em outra coisa, às vezes a família dificultava um pouco, porque queriam que elas estudassem, o que é normal, por isso era muito difícil. Hoje em dia, com a internet, há uma nova geração de mulheres incríveis a tocar.“
O facto de não haver homens na formação das NERVOSA não se prende, no entanto, apenas com isso. “Quando eu comecei o projecto, com a Fernanda Terra [baterial original] a ideia era fazer uma banda de mulheres“, revela Prika. “Foi por isso que a gente colocou um nome feminino, meio também para nos forçar a manter sempre esse lado feminino presente. Depois da ruptura que aconteceu com as Nervosa, recebi uma enxurrada, muitas, mesmo muitas mensagens, de meninas, principalmente da América Latina, a pedir-nos para não desistirmos, a dizerem que a banda tinha de continuar porque significa muito para elas. […] Nunca tinha passado pela minha cabeça desistir, mas isso veio reforçar a ideia de que temos de manter as Nervosa como uma banda feminina. Imaginem um ‘cara’ a tocar numa banda chamada Nervosa, ia ser até um pouco engraçado.“