“No final do dia, fizeram um bom trabalho. E isso é algo que respeito”, diz NECROBUTCHER, o baixista dos MAYHEM, sobre o filme que retrata os eventos trágicos da cena black metal norueguesa dos 90s.
Durante décadas, a polémica tem sido sempre uma constante no universo do black metal, com algumas controvérsias relacionadas com a tendência a serem reavivada pelo lançamento de Lords Of Chaos, filme que retrata os eventos trágicos da cena norueguesa nos 90s. No entanto, enquanto a cena underground mais extrema criticou duramente o filme, Jørn “Necrobutcher” Stubberud, baixista dos MAYHEM, parece ter adoptado uma postura bastante mais conciliatória, defendendo recentemente o filme.
Em conversa com o podcast ‘Scars And Guitars’, Necrobutcher falou sobre a sua reacção inicial à notícia de que o filme estava em produção. “Foi um choque enorme! Disseram-me que iam fazer um filme sobre mim, e eu pensei que era absurdo fazerem-no sem terem sequer falado comigo primeiro”, explicou ele. No entanto, apesar da abordagem inicial, que considerou demasiado arrogante, o músico norueguês acabou por encontrar-se com o realizador Jonas Åkerlund, também conhecido por uma sua fugaz associação aos suecos BATHORY nos anos 80.
Segundo Necrobutcher, foi precisamente a ligação de Åkerlund ao movimento underground que acabou por influenciar positivamente a sua visão do projecto. “O Jonas fez muito trabalho de pesquisa e esforçou-se para tornar tudo o mais autêntico possível”, elaborou o músico, destacando a atenção dada a detalhes como o guarda-roupa, que reproduziu fielmente as t-shirts e acessórios que os músicos usavam naquela época. “As pessoas normais que veem o filme não reparam nos pormenores, mas para mim isso mostrou o quão nerd ele é. E eu adoro nerds.”
O filme, realizado por Åkerlund e baseado no livro Lords of Chaos: The Bloody Rise Of The Satanic Metal Underground, explora o crescimento do movimento black metal na Noruega e os episódios de violência, incêndios em igrejas e assassinatos que marcaram essa subcultura da música pesada para sempre. Rory Culkin interpreta Øystein “Euronymous” Aarseth, fundador dos MAYHEM, cuja rivalidade com Kristian “Varg” Vikernes, interpretado por Emory Cohen, culminou no seu homicídio em 1993.
Por estranho que possa parecer, Necrobutcher também se mostrou satisfeito com a escolha do elenco no geral, considerando as semelhanças físicas de personagens como Metalion, que foi interpretado por Sam Coleman, como sendo “bastante impressionantes”. Ainda assim, a recepção a Lords Of Chaos por parte da comunidade black metal foi mista. Muitos puristas criticaram o filme, apontando várias falhas na precisão histórica e acusando o realizador de explorar tragédias pessoais para consumo popular.
Necrobutcher, por seu lado, parece ver todas essas críticas com algum cepticismo, sugerindo que parte do desconforto demonstrado pelos fãs vem da exposição de uma subcultura historicamente fechada ao público mais feneralista. “É claro que o filme aborda coisas negativas, mas essas coisas aconteceram. O que importa neste caso é que foram reproduzidas com respeito e atenção aos detalhes”, defende o músico.
O filme, que estreou no Festival de Cinema de Sundance em 2018, alcançou um índice de aprovação de 73% no site Rotten Tomatoes, consolidando-se como um produto cultural significativo, mesmo que seja bastante divisivo, e Necrobutcher parece ter encontrado uma forma de reconciliar-se com a ideia de que a história da sua banda e dos seus companheiros de cena foi levada para o grande ecrã. “No final do dia, fizeram um bom trabalho. E isso é algo que respeito”, conclui ele.