Foi a 17 de Janeiro, mas em 1981, que o NIKKI SIXX formou os MÖTLEY CRÜE. Dois anos depois, a banda já disparava com todos os cilindros frente a uma audiência de 670,000 pessoas.
Inevitável, o RETROVISOR tinha de olhar para trás e capturar os MÖTLEY CRÜE em palco. Para quem viu o “The Dirt“, e conhece medianamente a biografia do grupo, ou até leu mesmo o livro, a maior falha não passa pela marca do carro no acidente de Vince Neil, mas pelo ignorar do valor artístico do grupo, do que atingiram sozinhos e dos festivais em que estiveram presentes.
O Moscow Music Peace Festival, em 1989, e o US Festival em 1983, são dois dos casos mais gritantes. Sobre este último já se olhou aqui, a propósito dos JUDAS PRIEST, mas nunca é demais reforçar a importância deste evento em relação a uma vaga de heavy metal que surgia na Califórnia, impulsionada pelo sucesso dos VAN HALEN e que depois se alargaria a todo o país, precedendo o movimento do thrash e, por vezes dando até origem a nomes comuns em ambos os movimentos, como é o caso dos BITCH e MALICE, entre outros.
Do referido movimento, dois nomes estavam presentes neste festival, QUIET RIOT e MÖTLEY CRÜE. Com um disco apenas, produzido, lançado e distribuído quase porta a porta pelo grupo, o quarteto conseguiu fazer-se notar com vinte mil cópias vendidas de «Too Fast For Love» já com a poderosa mão da Elektra por trás, através de Tom Zutaut. Seria, aliás, no backstage deste festival que teria lugar o agora célebre “incidente” com a companhia de Tom nessa ocasião, dando origem à célebre frase proferida um tempo depois “nunca levaria a minha namorada a um encontro com os MÖTLEY CRÜE”.
Foi também aqui que os MÖTLEY CRÜE entraram no radar da entourage de OZZY OSBOURNE, do que resultaria ingressarem numa digressão norte-americana; e uma das cenas mais memoráveis do filme. Mas quem era o grupo que, em pouco mais de dois anos, iria de uma garagem até um dos maiores festivais mundiais? Para isso basta ver este vídeo, perceber a energia em palco e como as limitações eram assumidas. As falhas de Vince Neil nas notas mais agudas, por exemplo, são notórias. Note-se também as referências aos KISS, por muito que o grupo as negue.
Ao mesmo tempo que Tommy Lee revela ser um baterista acima da média, da mesma forma que Mick Mars revela a sua experiência em galvanizar o público, repetindo a mesma malha de guitarra. É impossível assistir a este vídeo, mesmo que parcialmente seja preenchido com Vince a incentivar o público, sem se compreender porque o grupo se tornaria tão importante nos anos seguintes e estabeleceria um novo paradigma na cena musical californiana, e mais tarde mundial.