MORBID ANGEL

RETROVISOR: MORBID ANGEL, «Blessed Are The Sick» @ Detroit, E.U.A. | 01.10.1991 [vídeo]

Hoje, metemo-nos na máquina do tempo de volta a 1991 e a um momento crucial na carreira dos MORBID ANGEL, uma das mais lendárias bandas de death metal de todos os tempos.

O death metal será um dos estilos menos referidos no RETROVISOR, o que até pena, pois tem produzido dos resultados mais estranhos que se podem encontrar pela internet. Nenhum outro género do metal valoriza mais o underground, seja lá isso o que for. Mesmo que cada elemento, no fundo de um negro coração, peça para que a sua banda tenha mais reconhecimento, o underground será sempre algo que está em primeiro lugar.

A necessidade de estar presente num evento, a militância, ultrapassa mesmo a religiosidade fervorosa do black metal — um estilo que, por vezes, prefere o isolamento. Essa ambiguidade, entre a procura da fama, e a necessidade de estar longe dela, é, talvez, uma das maiores características do género e dos seus fãs. E também dos MORBID ANGEL.

É observar uma velha entrevista com David Vincent, outrora baixista e vocalista dos MORBID ANGEL; torna-se fácil perceber o entusiasmo com a popularidade crescente do género, mesmo antes de arrancar para uma «Fall From Grace», filmada a partir do público, como devem ser as boas gravações de death metal.

O segundo álbum dos MORBID ANGEL, é um dos mais icónicos e populares do estilo e permitiu-lhes uma visibilidade nos media da época que nomes como GOREFEST ou HIPOCRISY, deste lado do Atlântico, e CANNIBAL CORPSE ou DEATH, do outro lado, não conseguiam ter. Talvez por isso, ainda recentemente conseguiram ser referidos no Jeopardy, célebre concurso da TV norte-americana.

O vídeo que acompanha a faixa título é um clássico, a letra um hino, Blessed are we to taste/This life of sin. Neste disco, nesta letra em particular, os MORBID ANGEL fizeram a ponte perfeita entre o extremo do death e a filosofia subjacente ao black e a muito do heavy metal em geral. Abraçaram a transgressão, a rejeição da normalidade.

Curiosamente, essa faixa, como muitas de death, são daquelas que hoje infestam serviços de streaming e permitem a um qualquer deathster publicar num momento uma faixa extrema, celebrando a morte, a violência e outras atitudes limites, e logo a seguir uma foto sua com o animal de estimação, declarando o amor incondicional pela criatura.

É esta bipolaridade que se torna mais gritante com o death que com outros estilos, menos agressivos nas letras ou no som. Falando em agressividade, o vídeo que destacamos esta semana (que pode ser visto no player em baixo), também foi filmado a partir da plateia e resulta pelo lado monolítico que o grupo sempre empregou na sua postura em palco, característica de muitos grupos do género e que ainda hoje faz escola. «Blessed Are The Sick», a faixa e o disco, verdadeiros clássicos, mesmo que vazios de luz e assim permaneçam!