TRAITORS GATE
«Devil Takes The High Road»
[Bullet Records, 1985]
Recentemente adquiri a reedição em vinil que a High Roller Records fez deste magnífico EP e pareceu-me perfeitamente lógico incluí-lo aqui. Os Traitors Gate eram (e entretanto voltaram a ser) uma banda galesa que ainda se pode enquadrar, embora algo tardiamente, no fenómeno da NWOBHM, e que nos anos 80 lançou apenas este portentoso EP de doze polegadas com três temas muito bons. A reedição que seguro em mãos passou todos esses temas para o lado A e ocupou o lado B com outros três como material de bónus, gravados em 1980 pelos mesmos integrantes mas então sob o nome de Quest, embora a banda tenha começado em 1979 como Cyron. Este novo material (na realidade, velho material) consiste em boas composições de hard rock, que não têm no entanto o alto nível dos originais de Traitors Gate; são estes o viciante tema-título, o mais comercial e romântico «Love After Midnight», que deve ter sido feito para ver se passavam na rádio, e o novamente pesado e metálico «Shoot To Kill». Os membros da banda, claramente inspirados pelas melhores bandas de hard rock e heavy metal que os anos 70 e 80 tinham para oferecer, revelam aqui a sua força, tanto instrumental como vocalmente, uma vez que a voz de Hugh Jones é também utilizada com enorme habilidade. O resultado é fantástico e muitíssimo recomendável aos fãs do que de melhor há na NWOBHM.
A inclusão dos temas de Quest deve ter tido como objectivo enriquecer o relançamento da High Roller, que é aliás muito bom, com papel de boa qualidade, letras inclusas, breves liner-notes de Jones e etc., mas a reedição seria perfeitamente justificada mesmo que apenas dos onze minutos e pouco do EP original, tal a sua força. Também a ilustração da capa, que sempre curti, está com óptima definição. Um trabalho bem feito. Se não quiserem desembolsar a pasta que hoje em dia custa o original, com esta versão ficam muito bem servidos (em vinil ou CD).
A banda rendeu a alma ao criador no fim da década de 80, mas regressou em 2016, lançou um EP no ano seguinte e um álbum no outro a seguir. No entanto, apenas a secção rítmica se mantém dos tempos de «Devil Takes The High Road», tendo a banda outro guitarrista e vocalista. É de notar, todavia, que o renascimento de 2016 foi operado pelo único alinhamento deste grupo a ter tocado ao vivo sob o nome de Traitors Gate no milénio passado (entre 1985 e 1989), uma vez que o vocalista e guitarrista do EP saíram da banda logo antes de o vinil ver a luz. Seja como for, os actuais Traitors Gate são uma boa banda de heavy metal, bastante melódica e de música relativamente pausada e acessível, com bons músicos e um dotadíssimo vocalista. Obviamente, porém, o espírito actual é forçosamente diferente dos tempos do EP dos anos 80. Mesmo assim, não deixo de recomendar-vos também a audição do material recente.