KIM SIXX
«Demo 1984»
[Edição de Autor, 1984]
Na primeira metade dos anos 80 já havia bandas de heavy metal muitíssimo boas com mulheres a cantar. Mais até do que se possa pensar. Um exemplo imediato: Acid, que é uma das minhas bandas preferidas, com lançamentos espectaculares! Porém, creio que antes de começar a focar aqui portentos como Acid se pode escavar mais um pouco, em busca de algumas pérolas realmente obscuras e esquecidas. E a Kate de Lombaert teve várias colegas de grande calibre ao longo dos anos 80. Hoje vou falar de uma delas, Kim “Power Baby” Sixx, que já há muito não está entre nós, por ter ido desta para melhor num acidente de viação nos anos 90. A produção musical do colectivo dinamarquês denominado Kim Sixx resume-se a duas demos e um 7″ lançados durante 1984 e 1985. Como esta rubrica escolhe uma obra específica a cada quinzena, hoje focarei a excelente demo de estreia, com o esclarecedor, lacónico e pragmático título «Demo 1984».
«Demo 1984» é uma cassete com cinco temas de fantástico heavy metal, melódico mas agressivo, variado, rápido; excelentes composições nas quais brilha a voz límpida e precisa de Kim Sixx, acompanhada de um grupo de músicos que dominam muito bem os seus instrumentos. Parece impossível que não tenha havido uma editora a pegar nisto, embora as informações disponíveis sejam escassas. Porque foi? O que sucedeu? Não faço ideia… mas espero ainda vir a descobrir. O único registo em vinil foi o single «Warrior / Bang Your Head», de 1985, que reúne precisamente o primeiro e o último tema desta primeira demo… e nem se trata de uma nova gravação, o que demonstra a qualidade com que se gravavam demos na Dinamarca em 1984. Também aí havia um verdadeiro abismo entre as condições deste refundido esconso proto-europeu chamado Portugal e a civilização escandinava. E continua a haver.
Existe por aí uma gravação de três temas inéditos ao vivo num festival na Dinamarca em 1984, feita a partir da mesa de som e com um som bastante bom. Um destes acabou por ir parar ao YouTube, mas com um som pior que o original.
Depois de uma Missa Ortodoxa especial por via da morte do Jonathon Stewart, regressa-se agora à normalidade quinzenal, com também esta homenagem a uma heroína caída do heavy metal. Em duas semanas cá se estará a sugerir a audição de mais uma pérola esquecida, para quem a quiser ouvir.