ION BRITTON
«Eat Metal»
[Eat Metal Music, 1987]
Os Ion Britton formaram-se com o bonito nome de Slayer em Lincolnton, Carolina do Norte, em 1982, quando os membros tinham cerca de catorze anos. Ultra Dave, Russel Kipp, Cam Slam e Mike Iozz foram tocando, foram praticando, e foram dando concertos (com bandas como Queensrÿche ou Overkill), refinando o seu som (ao qual queriam chamar techno metal) e, em 1987, lançaram por si próprios, sem editora, um magnífico EP de 12″ com quatro temas chamado «Eat Metal», limitado a 1.000 exemplares. São quatro temas de heavy metal, arrojados, rápidos, com letras sobre a febre do palco, amplificadores, explosões e descargas eléctricas. São muito marcados pela voz de Ultra Dave, que a mantém quase sempre num registo muito agudo e característico. Tecnicamente impecáveis, com excelentes solos de guitarra, destaca-se talvez o tema-título com a sua exortação a que os ouvintes durmam metal, bebam metal e comam metal. E pelos lados desta rubrica reitera-se e aplaude-se. Mas todos os temas são de grande qualidade, e o meu preferido talvez até seja «Nite Frite», com aqueles riffs letais à Savage!
Infelizmente, nunca chegaram ao álbum… diz-se que a explosão do grunge e o colapso do mercado metálico, que tanta banda ceifou, ditou igualmente o fim dos Ion Britton. No entanto, o nome não foi esquecido e, no princípio do novo milénio, «Eat Metal» encontrava fãs por todo o mundo devido à rede profundamente underground do verdadeiro heavy metal que então se estava a formar. Talvez tenha sido por isto que após algum tempo, no princípio de 2009, os membros originais voltaram a juntar-se, trazendo um novo vocalista, Steve Revis. Já em 2004 a banda tinha também lançado, às suas custas, a versão em CD de «Eat Metal». Assim, para celebrar um aniversário da banda, voltaram ao activo e deram um concerto em Lincolnton, sua terra natal. Além de umas covers, chegaram a tocar músicas novas, e pelos vistos a ideia era gravar um álbum novo, a ser lançado em Janeiro de 2010, mas a coisa acabou por morrer entretanto.
Em 2016 a grega Cult Metal Classics pôs cá fora uma nova edição em CD (e em 2017 uma nova edição em vinil) do EP dos Ion Britton, com quatro novos temas como faixas bónus. Três destes tinham sido gravados em 2000, com Steve Revis na voz e também na bateria, devido à saída de Mike Iozz. O quarto tema, ao vivo, é retirado do concerto de 2009, com Iozz na bateria e Revis na voz. Podem aliás vê-lo aqui. Apesar de eu achar que a voz de Ultra Dave tinha um carisma muito próprio, a verdade é que a de Steve Revis é similar, mas o que é surpreendente é que os temas mais recentes são bastante bons, e creio mesmo que mantêm em grande medida o espírito original de Ion Britton. E eles continuavam a tocar muito bem… ouçam aqueles solos!
Por isso recomendo totalmente a edição da Cult Metal Classics, não só por não ser pirata, nem só por ter bons temas novos, mas também porque as edições originais em CD e vinil custam hoje em dia os olhos da cara… e eu advogo que se apoie as bandas, que se comprem os vinis, os CDs, as cassettes… mas também acho que não é ético desembolsar acima de determinadas somas por um disco.
Agradeço ao Mike Iozz o esclarecimento de alguns pontos mais nebulosos da história.