MISSA ORTODOXA: Gotham City – «The Unknown» (1984)

Hail Metal of Death! A missão evangelizadora desta nova rubrica pretende não ser realmente eivada de proselitismo, mas antes ter uma função pedagógica para os que assim o queiram… Como poderia ter dito aquele gajo há uns tempos, quem tiver ouvidos que veja e quem tiver olhos que ouça. Por aqui estarei a recomendar o que considero jóias esquecidas por aqueles que as esqueceram, pérolas desconhecidas daqueles que não as conhecem. Legados de bandas metálicas dos anos 80 (em cronologia ou meramente em espírito).

“Behold the one… the Unknown…”

GOTHAM CITY
«The Unknown»
[Fingerprint Records, 1984]

Inaugure-se, pois, com Gotham City, um dos grandes nomes do heavy metal sueco, e o seu álbum único «The Unknown», de 1984. Com uma capa completamente igual aos desenhos que fazíamos nos cadernos do liceu na época contemporânea desta obra (embora, a julgar pelo nome da banda, talvez se pudesse esperar uma ilustração com o Batman em vez de um bárbaro com o cabelo apanhado no alto da cabeça), este álbum é, porém, uma autêntica obra-prima. A par dos Heavy Load, os Gotham City serão provavelmente a melhor banda de heavy metal do princípio dos anos 80 a sair da Suécia (não, não me esqueci desses nomes em que vocês estão a pensar, mas esses já estavam a criar outros estilos de som). O EP «Black Writs», saído no ano anterior (bem como as demos que tinham lançado) já era absolutamente extraordinário, mas o vocalista Ola Ohlsson, apesar de cantar bem, tinha uma entoação muito pouco intensa, o que retirava força ao resultado final. Neste álbum, com a estreia de Anders Zackrisson, a banda é de facto projectada para um novo patamar de qualidade. Zackrisson seria mais tarde, aliás, vocalista dos Nocturnal Rites, banda que entre um início underground a tocar death metal e a sua posterior transformação num nome grande do power metal gay (leia-se “alegre”, em Inglês) – tendo vindo ainda mais tarde a tocar techno pop qualquer coisa (ou o que seja) -, tiveram ali uma fase (com Zackrisson) a tocar um heavy metal bem interessante, sobretudo no álbum «Tales Of Mystery And Imagination». Este, apesar do nome, não tinha nada a ver com as histórias do Edgar Allan Poe, ao contrário do velhinho álbum homónimo de Alan Parsons Project em que até chegou a cantar o Arthur Brown… bolas, como se pode divagar nestas coisas! O de Nocturnal Rites, apesar de alguns laivos de alegria-em-inglês já perceptíveis, tem muitos momentos de bom heavy metal à Judas Priest e solos completamente do caraças! Regressando, porém, ao assunto em epígrafe, «The Unknown» é um LP que recomendo sem hesitações a todos aqueles que tenham algum interesse em heavy metal (daquele mesmo a sério). É incrível como naqueles idos tempos apareciam por vezes miúdos com capacidade para compor coisas destas! Melódico, agressivo, bem tocado, inspirado, «The Unknown» inclui uma sucessão de temas absolutamente memoráveis, alguns dos quais se tornaram verdadeiros monumentos musicais, tais como «Swords And Chains», «Going Insane» ou o espantoso «See how It Flies». Mas todo o álbum é incrível… até parece mal estar a dizer nomes de músicas.

Por ora é tudo; ide curtir bem o verdadeiro heavy Metal e até o meu regresso, se São Lúcifer quiser! Saudações metálicas of death!