Encabeçado pelos AMORPHIS, o terceiro dia do Milagre Metaleiro Open Air contou também com a participação dos THE TROOPS OF DOOM, KISSIN’ DYNAMITE e SERRABULHO.
O último dia da edição de 2024 do Milagre Metaleiro Open Air começou uma hora mais cedo em relação aos dias anteriores, o que levou a não haver sombra em frente ao palco logo no início das actuações. Os suíços HENRIETTE B tiveram, portanto, a complicada tarefa de começar a chamar o público que ainda se mantinha nas tendas. Apoiada no seu metalcore potente, a banda, que já lançou uns quantos EPs e um longa-duração, começou ao som de «The Election», do disco de estreia «The Sleeper Awakes», e até foi conseguindo atrair algum público. «Machines» destacou-se entre os mais recentes temas dos suíços, que provaram ter talento, mas também margem de progressão.
Da Suécia, os chegaram os AMBUSH, que agarram o público logo de início com a sua energética entrada em palco. «Firestorm» e «Possessed By Evil» são temas bem rápidos, que serviram apenas de aperitivo para o que ainda estava para vir. Vestidos a rigor, com calças e coletes de cabedal, não havia que enganar quanto à música que tocam e, com trocas de solos constantes entre os guitarristas Olof e Karl, não havia como tirar os olhos do palco.
«Hellbiter» é daqueles temas que nos faz abanar a cabeça logo de início e nos transporta para a década de 1980, já «Master Of The Seas» desenvolve-se num compasso mais meio-tempo e serviu para acalmar um pouco os ânimos, assim como «Natural Born Killers»,que tem um refrão orelhudo. A louça partiu-se com «Don’t Shoot (Let ‘em Burn)», a fechar uma actuação que irá ficar na memória dos presentes como uma melhores e mais surpreendente de todo o festival.
Por seu lado, os conimbricenses DARK OATH aproveitaram a passagem pelo Milagre Metaleiro Open Air para apresentarem o seu mais recente «Ages Of Man», e o seu death metal melódico caiu bem entre os presentes, principalmente com a óptima prestação e presença da vocalista Sara Leitão. «Gold I (Dawn Of Time)», «Gold II (Fall Of Time)» e «Silver I (A New King)» foram os temas novos tocados logo no início da actuação.
Depois, os músicos fizeram uma viagem até ao disco de estreia, «When Fire Engulfs The Earth», com «Land Of Ours», e, a terminar, atiraram-se a «Bronze I (Stolen Flame)», «Heroic II (Elysian Fields)» e «Iron (Through The Veil Of Night)» numa boa prestação de uma das mais promissoras bandas do género no nosso país.
Os GLASYA não precisam de ser apresentados a quem esteja atento ao underground nacional e, isto já se sabia, são uma banda bastante coesa ao vivo, que revela uma alegria indiscutível em palco. Como seria de esperar, e como tem sido habitual também, actualmente o foco dos músicos está no seu mais recente LP, «Attarghan», de onde foram retirados seis temas, deixando para o fim o obrigatório «Heaven’s Demise». Resultado: uma excelente prestação, por parte de uma banda que tem tudo para singrar também a nível internacional.
Longa se tornava a espera, mas os THE TROOPS OF DOOM apresentaram-se finalmente em Portugal. A banda liderada por Jairo “Tormentor” Guedz veio a Portugal apresentar o mais recente «A Mass To The Grotesque», mas apenas tocou um tema desse disco — a «Chapels Of The Unholy», logo a abrir. Depois os músicos fizeram uma viagem ao passado recente e não só, com o regresso obrigatório aos primórdios dos Sepultura com «Morbid Visions» e, a fechar, a clássica «Troops Of Doom». Foi, de resto, com estes brasileiros que se começou a levantar poeira no recinto e se formaram os primeiros circle pits, a pedido de Alex Kafer.
Da Finlândia chegaram a seguir os PRESTIGE, e não se pode dizer que tenha sido o melhor concerto do festival. Longe disso, aliás. Por alguma razão, pareceu-nos que a banda nunca conseguiu encontrar o ritmo certo e, como o público também não parecia ser o mais conhecedor do seu catálogo, nada ajudou a elevar a energia. Ainda assim, os músicos foram alternando temas do último álbum de estúdio, «Reveal The Ravage», com material da estreia «Attack Against Gnomes» e dos outros dois registos, «Selling The Salvation» e «Parasites In Paradise».
Os islandeses SKÁLMÖLD, por seu lado, deram um excelente concerto e já tinham casa cheia durante a quase hora que estiveram em palco, A banda destilou com energia o seu folk metal e percorreu a sua discografia ao longo do concerto.
À medida que as horas iam passando, o contingente espanhol fez-se sentir logo nas primeiras filas para receber os TIERRA SANTA no Milagre Metaleiro Open Air. «Pegaso» e «Tierras De Leyenda» serviram para dar início às hostilidades e, durante uma actuação bem sólida, a banda mostrou o porquê da sua posição no cartaz, e deu tudo em palco. Não faltaram, claro, hinos como «Sangre De Reyes», «Dracula», «Legendario» ou, a fechar, «La Canción Del Pirata».
Após uma actuação arrebatadora por parte dos AMORPHIS e da descarga de energia que foi o concerto dos roqueiros germânicos KISSIN’ DYNAMITE, subiram ao palco para fechar o festival os já obrigatórios SERRABULHO. Espuma, deboche, mascaras, muita gente em palco e grind em barda, foi o que não faltou em palco.
Pelo meio, ainda deu para cantar os parabéns a Fernando Ribeiro, dos Moonspell, que marcou presença no último dia do festival, e, claro, não faltaram animados circle pits no meio da espuma que foi sendo largada ao longo da actuação. Afinal, festa é festa, e foi assim que todos dissemos adeus a mais um Milagre Metaleiro Open Air.