MILAGRE METALEIRO

MILAGRE METALEIRO OPEN AIR: Dia 2 | 24.08.2024 | Pindelo dos Milagres [reportagem]

Encabeçado pelos KAMELOT, o segundo dia do Milagre Metaleiro Open Air contou também com a participação dos KORPIKLAANI, ONSLAUGHT e MARDUK.

O segundo dia do Milagre Metaleiro Open Air começou logo com os nacionais RAGEFUL, que subiram a palco ao som de «Slavery Ways», um tema do disco de estreia «Ineptitude», editado em 2020. O público juntou-se na frente de palco com o desenrolar da actuação, que inclui ainda os temas «Pay To Breathe» e «Hang The Teacher», e serviu para a banda mostrar que ainda se faz bom death metal por cá. A terminar, ouviram-se «Whispering Rage» e «Portugal The Torch».

Seguiu-se algo completamente diferente com o espectáculo dos espanhóis EKYRIAN, que trouxeram a Pindelo dos Milagres o seu folk metal e temas como «El Alquimista», «La Balada de Wilfred El Enano» e «El Rey Blanco». No final, deram um toque e boa disposição e alegria a um dia ainda quente, mas com algum vento.

Também espanhóis, os FRENZY, que tocaram logo a seguir, tocam um heavy metal bem mais tradicional e foram uma das boas surpresas da edição deste ano do festival. «Blind Justice» deu início ao concerto e, desde logo, a banda trouxe muita energia e mostrou excelente qualidade técnica. O vocalista Anthony Stephen, norte-americano de nascença, também mostrou toda a sua capacidade vocal e o alinhamento encerrou com «Save Me» e «Lethal Protector».

Já os nacionais SPEEDEMON são um caso de sério de grande qualidade dentro do híbrido thrash/speed em Portugal. Portanto, foi com a notícia recente da assinatura de um contrato com a Rastilho Records, e a promessa do novo álbum de «Fall Of Man» ainda para este ano, a banda subiu a palco já com uma boa assistência à sua frente. «Messenger Of God» e «Atrocity Divine» abriram o set, seguido-se logo depois «Wall Of Pain» e «Legion Of Fools». Sem perder ritmo, os músicos “atacaram” o tema-título do novo disco, havendo ainda tempo para escutar um solo de guitarra de Jorge Bicho, que incluiu passagens por pelos clássicos «Metal Heart» e «The Sentinel». Sem muito mais tempo alocado, encerraram com a «Road To Madness».

Pela primeira vez no dia, o black metal subiu ao Palco 1 do Milagre Metaleiro Open Air, com os nacionais HUMANART. Iniciaram a actuação com «Serpent With Black Wings», do disco «Lightbringer», editado em 2014, logo seguido por «Underground Slut» do último trabalho de estúdio, «(Further) Into The Depths», de 2019. Destaca-se sobretudo a boa presença de palco, a coesão, e também a reacção do público, com um final em cheio para os fiéis do género com uma versão de «Bloody Fucking Nekro Hell», um original dos CARPATHIAN FOREST.

Ainda a manter a bandeira lusa no estandarte, os veteranos WEB, do guitarrista Victor Matos, optaram por aproveitar a passagem pelo festival para apresentar alguns temas do seu novo álbum de estúdio, «Burden Of Destiny», com as escolhas a recaírem no tema-título, «More Than You», «No More» e «A Grave To Be Dug» logo a abrir. Pelo meio, ouviu-se uma potente interpretação da «Raining Blood» e, a terminar uma excelente actuação, «Mortal Soul», com uns WEB que celebraram quase quatro décadas de existência no Milagre Metaleiro Open Air, e se mostraram num grande momento de forma.

Na sequência, a actuação dos italianos STORMLORD não começou da melhor maneira, com o vocalista Cristiano Borchi (ou alguém da sua equipa técnica), a esquecer-se de ligar o microfone. Com cerca de trinta anos de carreira, os músicos misturam black metal sinfónico com power metal e deram início ao concerto com «Leviathan» e «Mediterranea», do álbum «Far», editado em 2019. Tirando o percalço inicial, a actuação da banda foi bem coesa e fez movimentar pescoços. «Invictus», «Under The Boards» e «Stormlord» encerraram o alinhamento.

Por esta altura, os finlandeses KORPIKLAANI já dispensam quaisquer apresentações. Quem os conhece, sabe que cada concerto que dão é uma festa autêntica! E a presença no Milagre Metaleiro Open Air não foi excepção a essa regra. Ainda os Stormlord não tinham finalizado a sua actuação, e já havia muita gente em frente ao palco onde iam tocar. Desde o início, com «Wooden Pints», ao fim, com «Vodka» a rematar no final, a boa disposição foi uma constante.

E, verdade seja dita, nem um problema a meio do espectáculo, com o monitor (o que passa as letras) do vocalista Jonne Järvelä, retirou qualquer ímpeto do concerto dos finlandeses. Apesar de andarem ainda a promover o novo disco de estúdio, «Rankarumpu», tocaram apenas o single «Aita» e, ainda assim, o que fizeram foi assinar uma das melhores deste segundo dia de Milagre Metaleiro Open Air.

Mais inesperada talvez tenha sido a surra que os ONSLAUGHT deram a todos os presentes no Milagre Metaleiro Open Air. Uma surra daquelas bem valentes, que nos deixa de rastos no dia seguinte. Mesmo sem Nige Rockett, foi o vocalista Dave Garnett que assumiu a guitarra ritmo, e, com Wayne Gorman na guitarra solo, Jeff Williams no baixo e James Perry na bateria, deram uma lição de como arrebatar com bom thrash metal. O som que saía das colunas era potente, e desde os primeiros acordes de «Let There Be Death» percebeu-se que íamos ter pela frente um concerto daqueles.

Em «Fight With The Beast» houve direito a wall of death e a poeira levantada foi constante ao longo da quase hora que a banda esteve em palco. «66fucking6» e «Metal Forces» foram dois momentos de destaque, mas o melhor ficou mesmo para o fim, com a banda a ir ao incontornável «Power From Hell», de 1985, e a atacar o público com «Onslaught (Power From Hell)» e «Thermonuclear Devastation», que foram verdadeiramente demolidoras! A banda regressa a Portugal já em Outubro, no Lisbon Tattoo Rock Fest, e vamos ver se a capital está preparado para a detonação de thrash destes veteranos britânicos.

Já depois de um concerto apoteótico dos KAMELOT, acerca do qual podes ler no link em cima, os suecos MARDUK, que tinham sido convocados “à última hora” para substituir os Rotting Christ, que vão tocar na edição de 2025 do festival, encerraram com punho de aço a noite dois do Milagre Metaleiro Open Air. E, numa noite que já ia longa, começaram ao som das impiedosas «On Darkened Wings» e «Into Utter Madness».

Coesos, demolidores, e há muito tempo a rolar como um tanque de guerra, isto é malta que não dá tréguas. Seguiu-se «Shovel Beats Sceptre», single do mais recente álbum «Memento Mori», e «Souls For Belial», uma boa recordação do muitas vezes ignorado «Serpent Sermon». Olhando para o alinhamento de uma actuação durante a qual também se ouviram, já na sequência final «Viktoria», «The Blond Beast» e a clássica «Wolves», talvez a não inclusão de um único tema do «Panzer Division Marduk» tenha sido uma desilusão par algum. Ainda assim, o que serviram foi uma prestação demolidora.