Uma vez que estas digressões teimam em não passar pelo nosso país, resolvemo-nos fazer-nos à estrada e viajámos até Barcelona para assistir à celebração dos 50 anos de carreira de MICHAEL SCHENKER. Com a nossa chegada no dia do concerto, fomos surpreendidos com uma mudança de última hora na sala do espectáculo. Inicialmente previsto para a Sala 1 do Razzmatazz, o concerto acabou por acontecer na Sala Salamandra, que fica do lado oposto da cidade, ainda a uns bons 40 minutos de metro. A razão – não oficial! – prende-se com a venda de bilhetes. Digamos que o Razzmatazz leva 2100 pessoas e a Sala Salamandra 800, não sendo propriamente preciso fazer grandes contas de cabeça para perceber o que se passou. Teria sido certamente mais confortável ver o concerto no Razzmatazz, ao invés estar tudo “enlatado” na Sala Salamandra, mas quem organiza deve saber melhor que nós. A abertura do concerto esteve a cargo da banda de metal sinfónico norte-americana EVERDAWN. Com a voz operática de Alina Gavrilenko em grande destaque, o grupo aproveitou a ocasião para apresentar o seu segundo longa-duração, «Cleopatra», e um dos temas que se destacou foi exactamente o que dá nome ao mais recente disco. A banda apresentou-se ainda com o guitarrista Richard Fischer, o baterista Dan Prestup e o baixista Alan D’Angelo, instrumentistas que mostraram muita competência e um potencial que poderá a dar que falar dentro do género musical em que estão inseridos.
No entanto, é claro que a grande atracção da noite era MICHAEL SCHENKER, que se fez acompanhar por Steve Mann na guitarra e teclados, Bodo Schopf na bateria, Barend Courbois (dos BLIND GUARDIAN) no baixo e ainda o lendário vocalista Robin McAuley, que substitui Ronnie Romero nesta digressão. O concerto começou com Schenker a dar as boas-vindas ao público e, como vem sendo hábito, a dedicar o primeiro tema da noite, «Ascension», à memória de Ted McKenna. Seguiu-se «Cry For The Nations», com o músico a apresentar McAuley, logo seguido por «Doctor, Doctor»,o clássico dos UFO. Logo aqui percebeu-se que McAuley continua com uma voz irrepreensível, com o tempo a parecer que não passa pelo cantor irlandês. «Sleeping With The Lights On» foi outro tema onde a sua voz soou maravilhosamente e até nos temas «Emergency» e «A King Has Gone»,do novo trabalho «Universal», que será editado no final deste mês, fez com que não se sentisse falta da voz de Romero. Outro momento alto da noite foi, sem dúvida, o tema «Red Sky» do álbum clássico dos MSG «Built To Destroy». Claro que todas as atenções estavam centradas em Schenker, que continua exímio a tocar na sua flying V. «Lights Out», dos UFO, e «Armed And Ready» foram dois temas que levaram o público catalão ao rubro. No entanto, o momento alto mais alto da noite tenha sido «Rock Bottom», outro clássico dos UFO, com direito ao habitual improviso de guitarra e a um mini-solo de bateria já na parte final. Por esta altura, a nossa alma já estava cheia como a sala e o cansaço já se fazia sentir, por isso foi altura de voltar ao hotel, sendo que, e de acordo com os alinhamentos dos outros concertos, ainda havia mais quatro temas dos UFO para serem tocados. Felizmente, apesar da alteração de sala de última hora, a noite já estava mais que ganha.