O produtor Bob Rock, famoso pela sua associação aos METALLICA, vendeu a sua parte dos direitos de 43 canções ao fundo de direitos musicais Hipgnosis e, entre as músicas que constam na lista, estão todos os temas de «Metallica», também conhecido como «Black Album», quinto disco de estúdio da banda norte-americana e um dos maiores e mais bem sucedidos títulos da história do heavy metal. Merck Mercuriadis, o fundador do Hipgnosis, mostrou-se muito feliz com o acordo, dizendo que “a amplitude dos enormes sucessos do Bob Rock é quase impossível igualar por qualquer criador na história da música moderna. Do «Black Album», dos METALLICA, até à «Christmas», do Michael Bublé, o Bob produziu alguns dos maiores álbuns de todos os tempos“. Bob Rock, por seu lado, afirma que colocou o “coração e a alma nestas gravações” e que, como sabe quanto Merck ama a música, “foi fácil chegar a um acordo“.
Lars Ulrich e Kirk Hammett recordaram o processo de criação do seu álbum auto-intitulado (e multi-platina) de 1991, numa entrevista recente para a revista britânica Uncut. Mais conhecido como «The Black Album», o disco reúne algumas das canções mais antémicas gravadas pela banda, numa manobra que lhes permitiu fazerem a passagem de um público 100% metal, para um apelo muito mais abrangente, muito mais próximo do rock. Embora os músicos tenham conseguido os primeiros airplays na rádio e na televisão com o disco anterior, «… And Justice For All», de 1988, foi com “o álbum preto” que materializaram o seu maior avanço comercial até então, apoiado em cinco singles de enorme sucesso que os transformaram numa das bandas de rock mais populares no mundo.
“Quando terminámos o «… And Justice For All» e a digressão de dois anos subsequente, percebemos que não havia como seguir nesse caminho”, disse Lars Ulrich à Uncut. “Íamos bater contra uma parede. A última canção desse álbum chama-se «Dyers Eve» e tem seis ou sete minutos da coisa mais louca e progressiva que os Metallica são capazes de fazer. Depois de tocarmos todos aqueles temas na estrada por uns anos, dissemos que tínhamos de pensar num reset.” KIrk Hammett acrescenta: “Não foi fácil de fazer, porque queríamos um certo som para aquele álbum. Queríamos que tudo fosse o melhor possível, em termos de som, música e desempenho, e foi o que fizemos. Provavelmente serei a primeira pessoa a mencionar isto, mas nós queríamos fazer um «Back In Black», um álbum cheio de singles. Esse era o conceito, fazer músicas que soassem como singles, mas não são.”
Lars continua: “Sentámo-nos e pensámos nos MISFITS, nos AC/DC e nos THE [ROLLING] STONES. Pensámos na arte de simplificar e escrever músicas mais curtas. É mais difícil escrever uma música curta do que uma música longa, é mais difícil ser sucinto. O novo desafio era escrever canções mais curtas. Ter um pouco mais de balanço, para tornar a música mais física do que cerebral.” O álbum foi a primeira de quatro colaborações com o produtor Bob Rock, com quem a banda colidiu ao longo da gravação do disco. “O Bob Rock tinha trabalhado recentemente com os THE CULT, os MÖTLEY CRÜE e os BON JOVI, por isso tinha uma abordagem diferente aos sons,” recordou Ulrich. “E, claro, nós queríamos que os nossos discos fossem um pouco maiores e mais impactantes. A boa notícia é que o Bob era muito encorajador, no sentido de expandirmos os nossos processos. A má notícia é que nós não estávamos muito abertos a que alguém nos dissesse o que devíamos fazer“.