“Queríamos fazer um «Back In Black», um álbum cheio de singles”, recorda o guitarrista dos METALLICA.
Lars Ulrich e Kirk Hammett, baterista e guitarrista dos METALLICA, recordaram o processo de criação do seu álbum auto-intitulado (e multi-platina) de 1991, numa entrevista à revista britânica Uncut. Mais conhecido como «The Black Album», o disco foi editado a 12 de Agosto de 1991, e reúne algumas das canções mais antémicas gravadas pela banda, numa manobra que lhes permitiu fazerem a passagem de um público 100% metal, para um apelo muito mais abrangente, muito mais próximo do rock.
Embora os músicos tenham conseguido os primeiros airplays na rádio e na televisão com o disco anterior, «… And Justice For All», de 1988, foi com “o álbum preto” que materializaram o seu maior avanço comercial até então, apoiado em cinco singles de enorme sucesso que os transformaram numa das bandas de rock mais populares no mundo.
“Quando terminámos o «… And Justice For All» e a digressão de dois anos subsequente, percebemos que não havia como seguir nesse caminho”, disse Lars Ulrich à Uncut. “Íamos bater contra uma parede. A última canção desse álbum chama-se «Dyers Eve» e tem seis ou sete minutos da coisa mais louca e progressiva que os Metallica são capazes de fazer. Depois de tocarmos todos aqueles temas na estrada por uns anos, dissemos que tínhamos de pensar num reset.”
Kork Hammett acrescenta: “Não foi fácil de fazer, porque queríamos um certo som para aquele álbum. Queríamos que tudo fosse o melhor possível, em termos de som, música e desempenho, e foi o que fizemos. Provavelmente serei a primeira pessoa a mencionar isto, mas nós queríamos fazer um «Back In Black», um álbum cheio de singles. Esse era o conceito, fazer músicas que soassem como singles, mas não são.”
Lars continua: “Sentámo-nos e pensámos nos MISFITS, nos AC/DC e nos THE [ROLLING] STONES. Pensámos na arte de simplificar e escrever músicas mais curtas. É mais difícil escrever uma música curta do que uma música longa, é mais difícil ser sucinto. O novo desafio era escrever canções mais curtas. Ter um pouco mais de balanço, para tornar a música mais física do que cerebral.”
O álbum foi a primeira de quatro colaborações com o produtor Bob Rock, com quem a banda colidiu ao longo da gravação do disco. “O Bob Rock tinha trabalhado recentemente com os THE CULT, os MÖTLEY CRÜE e os BON JOVI, por isso tinha uma abordagem diferente aos sons,” recordou Ulrich. “E, claro, nós queríamos que os nossos discos fossem um pouco maiores e mais impactantes. A boa notícia é que o Bob era muito encorajador, no sentido de expandirmos os nossos processos. A má notícia é que nós não estávamos muito abertos a que alguém nos dissesse o que devíamos fazer“.