MEGADETH

MEGADETH: O thrash visceral e indispensável de «Peace Sells… But Who’s Buying?»

Confuso, mas também muito sincero, visceral e indispensável a qualquer fã de música pesada que se preze, o icónico segundo álbum dos MEGADETH celebra hoje mais um aniversário.

Lançado originalmente a 19 de Setembro de 1986 pela Capitol Records, o segundo LP dos MEGADETH foi editado há exactamente 38 anos. O disco foi produzido por Dave Mustaine com Randy Burns em três estúdios distintos — o Music Grinder, o Track Records e o Rock Steady — todos localizados na área de Los Angeles) e afirmou-se desde logo como uma declaração de intenções por parte de Mustaine, totalmente focado na tarefa de ultrapassar os seus ex-companheiros dos METALLICA.

Após a estreia auspiciosa com «Killing Is My Business… And Business Is Good!» foi, na verdade, com o «Peace Sells… But Who’s Buying?» que os MEGADETH se apresentaram a um underground metaleiro em ebulição e a um efervescente cenário mundial. Para começar, o quarteto tinha finalmente dado o salto de uma editora independente para uma grande multinacional, o que lhes permitiu corrigir muitos dos erros contidos no álbum de estreia.

Como Mustaine explicou na sua autobiografia, “os Megadeth tinham a reputação de fazer apresentações ao vivo emocionantes e… tornámo-nos uma banda apetecível. Tão apetecível, na verdade, que a Combat decidiu vender o nosso contracto à Capitol Records numa altura em que já lhes tínhamos entregue uma versão inicial do «Peace Sells…». Foram eles que, depois, trouxeram o génio da gravação Paul Lani para corrigir os problemas decorrentes da engenharia desleixada e do minúsculo orçamento que a Combat nos tinha dado para fazermos o disco.

Junte-se ao som mais polido um alinhamento sem momentos mortos e os MEGADETH viram-se por fim munidos de um arsenal que lhes permitiria conquistar o mundo. Do modelo de eficiência viciante «Wake Up Dead» às acrobacias dinâmicas finais de «My Last Words», passando pelo galope de «Devil’s Island», pelo virtuosismo estonteante de «The Conjuring» e «Bad Omen», pelo groove enorme do enorme tema-título, pela diversidade de «Good Mourning/Black Friday» (capaz de enfrentar os esforços mais maduros dos METALLICA) ou até pela surpreendente versão de «I Ain’t Superstitious», não há defeitos a apontar.

Em suma, as oito canções contidas no «Peace Sells… But Who’s Buying?» situam-se consistentemente no thrash de mais alto nível que já se tinha ouvido até ali e reflectem na perfeição o momento caótico vivido pelos quatro músicos, todos dependentes químicos. Aliás, basta dizer que, nem um ano depois da edição do LP, dois deles — o guitarrista Chris Poland e o baterista Gar Samuelson — já nem sequer integravam a banda.

O «Peace Sells… But Who’s Buying?» é, por tudo isso, um registo algo confuso, mas muito sincero, muito visceral e indispensável a qualquer fã de música pesada que se preze; sendo que, com o passar dos anos, acabaria mesmo por transformar-se num dos lançamentos mais influentes do thrash.