Nada como preparar a semana que aí vem com uma boa dose de música extrema ao Domingo. Os norte-americanos MASTER passaram por Portugal para espalhar o seu death/thrash metal clássico.Depois de arrasarem no Porto Deathfest no dia anterior, foi a vez de descerem até Lisboa, ao RCA Club, muito bem acompanhados pelos espanhóis ETERNAL STORM (que também estiveram presentes no festival do Metalpoint) e pelos “nossos” MASS DISORDER, que ficaram encarregues de dar início às hostilidades. Foi precisamente pela banda de Almada que a noite começou. Os MASS DISORDER subiram ao palco em silêncio e com a sala ainda pouco preenchida. Nada que desmotivasse o thrash metal demolidor que trazem sempre consigo. Bruno Evangelista entrou em palco depois da curta intro (mas sempre inspirada) «Arson» e sempre com a garra que é característica deste frontman. Aos poucos, o público começava a chegar e a compor melhor a sala enquanto a violência sónica chegava a níveis elevadíssimos. O foco do alinhamento esteve principalmente no álbum de estreia, «Conflagration», mas a entrega foi digna de nota. Estando a sala cheia ou vazia, a banda estava nitidamente satisfeita por estar de volta ao RCA, algo que também motivou repetidos agradecimentos tanto às bandas como à promotora Metals Alliance. Abertura perfeita e que até deve ter sido vivida de forma especial por Nelson Carmo, guitarrista dos MASS DISORDER, que fazia anos.
Segunda banda a subir ao palco, os ETERNAL STORM, uma enorme surpresa. Positiva, acrescente-se. A apresentação ao vivo de uma banda é algo que poderá conquistar ou afastar um potencial fã, e acreditamos que todos os que não conheciam a sua música ficaram com vontade de investigar mais a fundo, mesmo com um estilo de som bastante diferente dos cabeças de cartaz – uma sonoridade mais épica, melódica e até melancólica a fazer lembrar bandas como Insomnium. A banda madrilena apostou sobretudo no álbum de estreia «Come The Tide», mas também pegou em temas mais antigos como «The Great Wings Of Silence» e «The Boundaries Of Serenity», chegando até a estrear «The Void». Musicalidade excelente e forte presença em palco fizeram com que esta actuação tivesse sido um sucesso e deixado a impressão marcante.
Mas os senhores da noite eram, sem sombra de dúvidas, os MASTER, essa verdadeira instituição da música extrema liderada pelo carismático Paul Speckmann, que tem conseguindo manter a bandeira do death/thrash metal bem alta por mais de três décadas. Um power trio de impôr respeito, que se pode acusar de alguma falta de dinâmica, mas que é precisamente a essa falta de dinâmica que deve também parte do seu carisma. A sala estava bem composta para presenciar um dos nomes mais subvalorizados da música extrema que mostraram a beleza da simplicidade através de temas incontornáveis como «Master» e «Judgement Of Will». Essa simplicidade abrange também a forma como a Speckmann e os seus pares se apresentam em palco, relembrando que no final, apenas a música interessa e tudo o resto é distracção.
Sempre bem disposto, o baixista/vocalista foi dando voz – sempre com aquela pose carismática que deverá ser desconfortável de manter (terá de ser!) – a uma selecção de temas que tanto ia ao passado mais recente como encontrava refúgio nos trabalhos mais recentes, trazendo um pouco do melhor dos dois mundos para a assistência cuja única exigência que tinha era fazer headbang e air guitar. Destaque também para o guitarrista Alex Nejezchleba que ia cuspindo riffs e solos sempre com muito feeling e para o baterista Ruston Grosse que completa a formação com ritmo seguro e preciso. Claro que o final teria de vir com a «Pay To Die», o clássico do álbum de estreia que normalmente encerra as suas actuações. Um final em alta numa actuação sem momentos aborrecidos por parte de um dos nomes de culto do death metal.