Numa entrevista recente, MARTY FRIEDMAN, ex-guitarrista dos MEGADETH, detalhou os bastidores do clássico de 1992 e defendeu a tentativa de explorar a versatilidade sem perder a essência do metal.
Marty Friedman, ex-guitarrista dos MEGADETH entre 1990 e 2000, voltou a reflectir sobre a sua marcante passagem pela banda norte-americana. Numa entrevista recente ao jornalista brasileiro Gustavo Maiato, o músico falou abertamente sobre as diferenças entre as várias fases do grupo liderado pelo Sr. Mustaine e destacou o papel transformador de «Symphony Of Destruction», tema que, segundo ele, pode bem ter sido “a primeira canção pop” da banda.
“Os MEGADETH eram uma grande banda antes de eu entrar e continuaram a ser uma grande banda depois de eu sair”, afirmou Friedman, que participou em seis álbuns de estúdio, desde o icónico «Rust In Peace», de 1990, até ao controverso «Risk», de 1999. “No entanto, a minha era nos MEGADETH tem um som próprio e uma aparência distinta. É muito diferente de todas as outras fases da banda. E isso foi muito fixe”, acrescentou Marty Friedman.
Durante a entrevista, o guitarrista foi ainda questionado sobre o processo de composição de «Symphony Of Destruction», faixa que integra o disco «Countdown To Extinction», de 1992, e que se tornou, até hoje, na música mais reproduzida da banda no Spotify. Friedman revelou os detalhes dos bastidores da criação do tema e reflectiu sobre a evolução musical que ele representou.
“Escrevi bastante sobre isso na minha autobiografia, ‘Dreaming Japanese’,” começou por dizer Friedman. “Falei com muito detalhe sobre o processo de composição nos MEGADETH. E uma coisa importante que mencionei foi o facto de, independentemente do nome que aparecesse nos créditos, os quatro membros da banda trabalhavam exatamente a mesma quantidade de tempo nas composições. Todos começavam do zero e iam até ao fim, juntos.”
Sobre a canção em si, Friedman destacou o seu potencial acessível: “Se bem me lembro, a «Symphony Of Destruction» foi no segundo álbum que fiz com a banda, e nessa altura já me sentia mais confortável, porque já estava no grupo há quase dois anos. E talvez tenha sido a nossa primeira canção pop. Era como uma canção pop, se é que se pode dizer isso. E eu gostei, porque tens de ter canções pop se quiseres chegar a um grande número de pessoas.” O guitarrista sublinhou, no entanto, que esse apelo mais directo ao público nunca comprometeu a fidelidade à base de fãs,
“Acho que conseguimos fazer isso sem perder os nossos fãs de heavy metal, percebes? Podes fazer uma canção pop, mas se perderes o teu público-base, isso não é algo que queiras fazer,” afirmou. Verdade seja dita, a abordagem de Friedman à música — tanto nos MEGADETH como na sua carreira a solo — sempre refletiu uma abertura estética pouco comum no universo do metal. Depois de uma década a tocar ao lado de Dave Mustaine, Friedman mudou-se para Tóquio, onde se tornou uma figura de culto não só pela sua técnica de guitarra, mas também pela sua paixão pela cultura pop japonesa.
Actualmente, a sua carreira mistura colaborações com artistas de J-pop, presença regular em programas de televisão nipónicos e uma discografia cada vez mais diversa. O seu mais recente álbum a solo, com o título «Drama», foi lançado em Maio de 2024 pela Frontiers Music Srl, e confirmou essa versatilidade. Na actualidade, entre a crueza técnica dos CACOPHONY, e o refinamento melódico que trouxe a uma banda como os MEGADETH, Friedman construiu um percurso único, onde a técnica surge para servir a emoção, e a complexidade nunca se sobrepõe à canção.