MARIANNE

METALLICA recordam MARIANNE FAITHFULL: “Obrigado pela tua contribuição incrível e única”

Da pop inocente dos anos 60 ao rock alternativo e experimental do século XXI, passando pelas colaborações com METALLICA e PJ HARVEY, entre outras, MARIANNE FAITHFULL atravessou eras sem nunca perder a sua essência.

Lars Ulrich, baterista dos METALLICA, foi uma das primeiras figuras do mundo da música a prestar homenagem a MARIANNE FAITHFULL, que faleceu esta quinta-feira, aos 78 anos, em Londres, na companhia da sua família. Num tributo emocionado, Ulrich recordou a cantora e atriz britânica, destacando a sua generosidade, espírito destemido e, acima de tudo, o seu contributo inestimável para a música dos METALLICA, nomeadamente na icónica faixa «The Memory Remains», do álbum «Reload», de 1997.

Obrigado, Marianne… pelas boas memórias, pela tua gentileza, pelas histórias incríveis, pela tua coragem. (…) E um enorme ‘Thank You and Fuck Yeah’ pela tua contribuição incrível e única para a nossa música, escreveu o baterista numa publicação nas redes sociais.

A notícia da morte de MARIANNE FAITHFULL foi confirmada por um porta-voz através de comunicado oficial: “É com profunda tristeza que anunciamos o falecimento da cantora, compositora e actriz MARIANNE FAITHFULL. A MARIANNE partiu pacificamente em Londres hoje, na companhia da sua família. Sentiremos imensamente a sua falta.” A causa da morte não foi divulgada.

MARIANNE FAITHFULL foi uma das vozes mais distintivas da música britânica, deixando uma marca indelével desde os anos 60 até de hoje. Nascida a 29 de Dezembro de 1946, em Londres, tornou-se um dos ícones da revolução cultural da época, catapultada para a fama com «As Tears Go By», tema escrito para si por Mick Jagger e Keith Richards. Seguiram-se muitos outros sucessos, mas a sua carreira foi rapidamente ofuscada por uma vida pessoal tumultuosa. A sua relação com Jagger e a sua proximidade com os Rolling Stones inspiraram algumas das canções mais emblemáticas da banda, como «You Can’t Always Get What You Want», «Wild Horses» e «Sister Morphine».

No entanto, o estrelato foi também acompanhado pelo vício em drogas, levando-a a um período de extrema fragilidade, que incluiu anos de dependência de heroína e episódios de sem-abrigo. A sua capacidade de reinvenção, porém, provou ser uma das suas características mais notáveis. Em 1979, lançou «Broken English», um álbum que não só assinalou o seu regresso à música como revelou uma nova faceta da sua voz – já não cristalina como nos anos 60, mas agora áspera, marcada pelo tempo e pela experiência. Este tom rouco e carregado de história tornou-se a sua nova assinatura, conferindo às suas interpretações uma profundidade ímpar.

Nos anos seguintes, MARIANNE FAITHFULL manteve-se ativa e respeitada, lançando álbuns que, se por vezes passavam despercebidos ao grande público, nunca deixavam de impressionar pela sua riqueza artística. «Strange Weather», de 1987, produzido por Hal Willner, foi uma obra-prima do blues e do jazz, gravada na ressaca de 17 anos de dependência química. Em «Blazing Away» revisitou temas antigos com a colaboração de Garth Hudson e Dr. John. Já «Kissin Time» trouxe colaborações inesperadas com Blur, Beck, Jarvis Cocker e Billy Corgan, provando que MARIANNE FAITHFULL nunca perdeu o espírito vanguardista. «Before the Poison», de 2005, com PJ Harvey e Nick Cave, voltou a revelar o seu talento para reinvenções sonoras.

Ao longo da sua vida, MARIANNE FAITHFULL nunca cedeu à convenção. Sobreviveu a quedas abismais, regressou das cinzas e moldou uma identidade musical inconfundível. A sua voz tornou-se a banda sonora de gerações de ouvintes que viam nela não apenas uma cantora, mas um símbolo de resistência e autenticidade. Da pop inocente dos anos 60 ao rock alternativo e experimental do século XXI, MARIANNE FAITHFULL atravessou eras sem nunca perder a sua essência.