Aos 74 anos, Manfred Schütz deixa para trás um legado que transcende gerações. A sua visão e o seu empenho moldaram o cenário musical como o conhecemos hoje, garantindo que a música independente encontrasse o seu lugar no mundo.
Manfred Schütz, uma das personalidades mais influentes do panorama musical independente, faleceu no passado dia 3 de Janeiro de 2025, com 74 anos, após enfrentar uma longa e grave doença. Fundador da SPV e, posteriormente, da MIG Music, deixa um legado indelével na história da música, marcado pela sua paixão, conhecimento e dedicação ao sector.
Com a criação da SPV, em Janeiro de 1984, Manfred Schütz deu início a uma das maiores revoluções no mercado da música independente. Criada como uma plataforma destinada a dar visibilidade a artistas e editoras independentes, a SPV rapidamente se destacou, tornando-se um dos maiores distribuidores de música independente na Europa.
A subsidiária Steamhammer, baptizada em homenagem à banda preferida de Manfred, marcou o início de uma nova era para o heavy metal e para o hard rock. O primeiro lançamento da editora foi o álbum «Common Times Heroes», dos HARDWARE, mas esse foi apenas o início de uma ascensão meteórica: nomes emergentes no underground como SODOM, DESTRUCTION, IRON ANGEL e ASSASSIN foram rapidamente integrados no catálogo, cimentando a reputação da Steamhammer a nível internacional.
Nos anos seguintes, o selo tornou-se uma referência para ícones do rock e metal, colaborando com bandas como MOTÖRHEAD, DIO, JUDAS PRIEST, SAXON e LYNYRD SKYNYRD. Já no novo milénio, Schütz continuou a consolidar o legado da Steamhammer com lançamentos globais de nomes como HELLOWEEN, KREATOR, WHITESNAKE, ALICE COOPER, TYPE O NEGATIVE ou MOONSPELL, entre muitos, muitos outros.
Após deixar a SPV, Manfred Schütz fundou a MIG Music, um projecto dedicado a resgatar e a preservar tesouros musicais esquecidos. Sob a sua liderança, a editora concretizou diversos lançamentos notáveis, que conquistaram bastante reconhecimento por parte dos fãs e crítica. Para Manfred, a música era mais do que um negócio; era uma missão cultural. Além do seu sucesso como empresário, Manfred Schütz será para sempre recordado pela sua personalidade calorosa e acessível.
Num comunicado oficial, a equipa da MIG Music expressou a sua profunda tristeza: “O Manfred era mais do que um entusiasta da música e um empresário. Era uma pessoa aberta e generosa. Perdemos não só um líder, mas também um amigo querido.” Por seu lado, Ecki Stieg, amigo e colaborador próximo de Schütz, conseguiu capturar em poucas palavras a essência do que o tornava único.
“Com o Manfred, perdemos um dono de editora discográfica à moda antiga, com as suas peculiaridades e excentricidades, mas, acima de tudo, como um verdadeiro conhecedor e fã de música.” Apesar da perda do seu fundador, a MIG Music continuará o seu caminho sob a gestão de Tanja Michaelis e Volker Pape, que se comprometem a dar continuidade à visão de Schütz.