Com o término da Rebellion Tour, já há algumas semanas que muitas datas esgotaram — sim, é assim cada vez que as lendas do NYHC MADBALL voltam à Europa e, desta vez, tivemos a felicidade que a sua tour tenha passado por Lisboa, nesta data única em Portugal, em que contaram com o suporte dos DEVIL IN ME e dos BAD! – num evento, mais uma vez, com chancela da Hell Xis. A abrir as hostilidades da noite tivémos então os BAD!, a representarem as Caldas da Rainha com o rawcore que os caracteriza, mesmo in your face. Implacáveis e cheios de energia, rapidamente cativaram a atenção do público, arrancando da melhor forma esta mão-cheia de concertos. Quando se fala em hardcore nacional, os DEVIL IN ME são um nome obrigatório e dispensam quaisquer apresentações. Naturalmente, ao partilharem mais uma vez o mesmo palco que os MADBALL, não faltou a oportunidade de Freddy Cricien subir ao palco para interpretar a já esperada «Warrior» com Poli Correia. Quem também subiu ao palco foi Rafa, dos FEAR THE LORD, na nova música «Lost Dogs», recentemente divulgada e para a qual foi aproveitada a captura de imagens no dia de evento para um futuro vídeo clip. Não faltaram também temas como «Soul Rebel» ou «War», entre outros, numa explosiva antevisão do que ainda viria a acontecer.
Antes de passar à análise concerto dos MADBALL, vale sempre a pena recordar os primórdios históricos destas lendas do NYHC. Deram os seus primeiros passos em 1989 como projecto paralelo dos veteranos AGNOSTIC FRONT. Liderados pelo vocalista Freddy Cricien — irmão de Roger Miret — começaram por lançar um single, intitulado «Ball Of Destruction», mas só em 1991 atingiram outra base, com uma formação que ficou completa com Matt Henderson e Vinnie Stigma nas guitarras, Will Shepler na bateria e Hoya Roc no baixo. Acabaram por gravar o EP «Droppin’ Many Suckas», que eventualmente levou à assinatura de um contrato com a Roadrunner em 1994 e a outros alcances numa atmosfera global onde, durante mais de duas décadas, não pararam de gravar ou de tocar por esse mundo fora e consolidaram a base de fãs que têm actualmente. Freddy continua a personificar a bola de fogo em cima do palco, sendo dos frontman mais fisicamente energéticos que podemos encontrar num típico concerto de hardcore — e o público português não esperaria outra coisa. Entre stagedives para cima do público, e incansavelmente a puxar pelo mesmo toda a noite, incentivando constantes subidas ao palco, foi o dínamo de energia habitual durante toda esta actuação. Não faltaram no setlist clássicos como «Set It Off», «New York City» ou «Nuestros Hermanos» ao lado de alguns temas mais recentes, com uma mãozinha de Poli Correia num desses. Mais uma vez, os MADBALL reforçaram o seu legado e justificaram o porquê de, até agora, continuarem a ser uma das bandas mais clássicas do hardcore nova-iorquino ainda em activo.
FOTOS: Solange Bonifácio