Dentro de dias, mais propriamente a 14 de Setembro, o Hard Club, no Porto, irá receber os LUCIFER’S CHILD, quarteto formado por elementos de Rotting Christ, Nightfall e Chaostar. A LOUD! esteve à conversa com George Emmanuel, guitarrista, para conhecer melhor este grupo de black metal vindo da Grécia, que subirá ao palco na festa de apresentação do novo trabalho dos nacionais HUMANART.
Alguns dos elementos dos Lucifer’s Child já integravam projectos bem conhecidos. Qual o motivo de criarem este grupo?
O que levou à criação dos Lucifer’s Child foi uma necessidade maior. Enquanto membro dos Rotting Christ, vi-me sempre em evolução constante, o que é uma dádiva, mas tenho de respeitar a história e a sonoridade da própria banda e manter-me no trilho já definido que os fãs conhecem. A razão de começar a tocar guitarra foi a necessidade de ter liberdade para exprimir os meus sentimentos mais profundos, sem ter limites para tal. Vejo os Lucifer’s Child, como um recipiente que posso preencher com tudo isso.
Entre estes dois discos que lançaram, houve uma mudança de editora.
Para começar a responder-te, não gosto de mudar de editora. De certa forma, acredito que ter um ambiente de trabalho constante, resulta melhor que trocar de editora ou de equipa que opera contigo. A minha decisão de fazer esta mudança, resultou de pensar que a imagem e conceito dos Lucifer’s Child iriam estar melhor representados por um selo como a Agonia e pelas pessoas que o integram.
Há pouco falavas do trilho, do som que define um grupo. «The Order» está mais perto do som que ansiavas quando fundaste o grupo ou esse seria representado por «The Wiccan»?
Um dos aspectos que mais me influencia é o ambiente, o qual contém tudo aquilo que tem a ver com a vida. Desde o lançamento de «The Wiccan» até ao período de composição de «The Order» tive a felicidade de percorrer diferentes caminhos que me ajudaram a obter este “novo” som para os Lucifer’s Child.
Mais de um ano após o lançamento de «The Order», ainda estás em digressões promocionais. Existem planos para o seu sucessor?
Ainda estamos na estrada e temos planos para prosseguir até 2020, penso. Existem algumas digressões europeias planeadas e festivais que nos irão reter durante o próximo ano, pelo que será prematuro falar já do próximo disco.
Por que razão, na tua opinião, a Grécia se destaca tanto no panorama do black metal?
Penso que tem a ver com influências que nos percorrem. As maiores influências para criar um som tão único são as fontes que também nos inspiram. Se pensares em factores fundamentais que nos rodeiam, como o ambiente, cultura e mentalidade, são o bastante para nos diferenciarem do resto do mundo e criarem o denominado black metal grego e o som que o caracteriza.
Até que ponto o movimento de black metal grego e restante cena foram afectados pela recente crise económica da Grécia?
É muito difícil manteres um equilíbrio entre o mundo real e o artístico. Não podes ficar impassível quando todos à tua volta estão a sofrer. Toda a situação, mesmo que de forma inconsciente, afecta-te sempre e, por contágio, a tua própria música. A história tem-nos revelado que durante os períodos mais negros a arte evolui rapidamente. As pessoas procuram alternativas para encontrarem a sua liberdade e transformam a opressão e dor em arte.
No início pareceste crítico da forma como alguns grupos e o seu som evoluem. Como vês o black metal nos dias de hoje?
Penso que o black metal é, de todos os estilos, aquele que tem raízes mais profundas e que soube sobreviver ao longo dos anos, quer quando estava a gozar de momentos de hype, quer quando estava totalmente underground. Podem aparecer variantes, novos nomes, artistas que introduzem uma nova identidade na cena, mas o conceito musical mantém a ligação a essas raízes e fazem a música evoluir a partir daí.
Vocês ainda mantêm ligações a outros projectos?
Actualmente, apenas me concentro nos Lucifer’s Child. Mesmo que quisesse, não me sobra muito tempo e energia para estar envolvido em algo mais.
E qual a situação dos Nightfall neste momento?
Sinceramente, não faço ideia. Gostava de os ver tocar novamente ao vivo ou até mesmo produzirem um novo disco.