Lindsay Schoolcraft quebra silêncio e aborda o clima de tensão em torno dos CRADLE OF FILTH.
A turbulência que tem assolado os CRADLE OF FILTH nas últimas semanas ganhou novos contornos após uma declaração pública de Lindsay Schoolcraft, teclista que integrou a banda entre 2013 e 2020. A artista canadiana usou as suas redes sociais para comentar as recentes saídas da vocalista e tecladista Zoë Marie Federoff e do guitarrista Marek “Ashok” Smerda, defender os músicos e ainda revelar que a sua própria experiência dentro do grupo foi marcada por situações de abuso e sofrimento pessoal.
Segundo a Bravewords.com, Lindsay começou por revelar por que nunca abordou de uma forma mais detalhada os motivos que a levaram realmente a deixar a banda. “Durante a semana passada recebi muitas mensagens de pessoas a perguntarem-me porque nunca contei a história completa do que me aconteceu na minha antiga banda e nunca revelei os detalhes sobre o motivo que levou à minha saída, em vez da declaração paliativa de ‘saúde mental’.
Pois bem, o motivo pelo qual ainda não me manifestei é que, se/quando me manifestar, vou precisar de representação legal e aconselhamento, e no Canadá isso pode me custar dezenas de milhares de dólares, dependendo do meu caso.”
Lindsay Schoolcraft reconheceu que, desde então, ainda não reuniu condições financeiras para enfrentar juridicamente a situação. “Investi grande parte das minhas finanças pessoais e empresariais na finalização e na promoção do meu próximo disco, que vai ser lançado este ano, por isso não tenho condições financeiras para lutar contra isso agora. Além disso, será muito difícil reviver o trauma de reunir todos os recibos e não tenho capacidade mental ou energia para fazê-lo neste momento.”
Segundo Lindsay, essa realidade é partilhada por vários outros antigos membros da banda que, apesar de terem provas, optaram pelo silêncio. “Eu sei e acredito que o meu motivo também é o motivo pelo qual um grupo de outros ex-membros ainda não se manifestaram publicamente. As pessoas mais abusivas da nossa indústria escondem-se atrás do dinheiro e do poder (advogados) que passaram décadas a construir à custa dos outros, em todos os lugares e de todas as maneiras possíveis e imaginárias.
É exaustivo lutar contra isso quando dás por ti com o espírito arrasado e um ordenado baixo… O que torna a opção de seguir em frente em silêncio, a escolha mais lógica. Mesmo quando a tua história é verdadeira e tens as provas na mão.”
Pese a dor associada ao seu passado nos CRADLE OF FILTH, Lindsay declarou-se solidária com Ashok e Zoë, elogiando a coragem de ambos. “Estou muito, MUITO orgulhosa da Zoë e do Ashok por quebrarem o silêncio. Estou muito orgulhosa dos outros ex-membros do grupo e da equipa que se manifestaram sobre o ambiente de trabalho absolutamente anti ético que existe ali.
Saibam que estou muito melhor hoje em dia e a prosperar longe daquele caos. Cheguei muito perto de perder minha vida naquela época e, infelizmente, a Zoë e o Ashok tiveram que perder um futuro filho por causa disso. NINGUÉM deveria ter que tolerar nada disso quando se deseja o sonho de ser músico e se quer trabalhar na nossa indústria. NINGUÉM.”
Lindsay Schoolcraft conclui a sua publicação a frisar que, embora ainda não tenha contado a sua história completa, não o fez por uma questão de sobrevivência. “Tenho a certeza que isto abre portas para muitas outras questões, a que talvez possa responder um dia. Saibam que o meu silêncio não é obediência, nunca foi. Tem sido prático e um mecanismo de sobrevivência.”
A nova crise no seio dos CRADLE OF FILTH intensificou-se após o concerto da banda em São Paulo, no Brasil, já na recta final de Agosto, quando a teclista e vocalista Zoë Marie Federoff anunciou a sua saída imediata do grupo. Poucos dias depois, o guitarrista Ashok confirmou que também abandonaria no final da presente digressão, mas acabou por ser despedido de forma antecipada.
Apesar das baixas, a banda liderada por Dani Filth mantém a sua agenda na América Latina, com concertos programados até ao fim de Setembro. Entretanto, as declarações de Lindsay Schoolcraft e os recentes acontecimentos ampliam a pressão sobre a imagem pública do grupo, que volta a ser questionado por ex-colaboradores acerca do ambiente interno e das condições de trabalho.















