No final, o mais surpreendente não é que funcione, mas sim que funcione tão bem. A «Take On Me» renasce pela mão dos LEPROUS, provando que certas canções estão destinadas a atravessar gerações, sempre prontas a ser reinterpretadas e redescobertas.
No vasto universo das versões, nem todas sobrevivem ao teste da reinvenção. Muitas caem na armadilha da cópia previsível, enquanto outras arriscam em demasia e perdem a essência do original. Entre estes extremos, há ocasiões raras em que uma banda consegue desconstruir uma canção icónica e reconstruí-la de forma tão pessoal que o resultado parece inevitável.
Foi exactamente isso que os LEPROUS, mestres noruegueses do metal progressivo, fizeram com o hino pop «Take On Me» dos conterrâneos A-HA, numa sessão especial da Covers On The Spot, promovida pela Musora. O desafio era simples na teoria, mas arriscado na prática… A banda tinha de reinterpretar, em tempo real e sem qualquer preparação prévia, uma das músicas mais reconhecíveis do século XX. O riff de teclado de «Take On Me», lançado em 1984, é universal, carregando consigo não apenas a memória dos anos 80, mas também um estatuto quase intocável.
Ainda assim, os LEPROUS não se deixaram intimidar — e o que emergiu desse momento foi uma versão que se afasta do brilho radiante da pop sintetizada para abraçar uma tonalidade mais sombria, densa e introspectiva. O riff icónico não desaparece, mas ganha uma nova identidade, mergulhando em texturas graves que conferem muita profundidade ao tema. A fluidez rítmica, marcada por mudanças subtis de andamento, cria uma tensão controlada que mantém o ouvinte sempre em expectativa.
No vídeo em baixo é curioso observar como os LEPROUS conseguem, em poucos minutos, desmontar a “estrutura genética” de uma faixa tão familiar e remontá-la à sua maneira. Essa capacidade é fruto de anos a trabalhar os limites do metal progressivo, género que exige tanto destreza técnica como sensibilidade emocional. Nas mãos da banda, a «Take On Me» deixa de ser apenas um clássico pop e transforma-se numa paisagem sonora que poderia facilmente integrar o repertório original do grupo.
Aclamados como uma das bandas mais inovadoras do metal progressivo, os LEPROUS preparam-se para regressar a Portugal em Novembro de 2025, com dois concertos que prometem fazer o gáudio dos seus fãs nacionais. A banda actuará na República da Música, em Lisboa, a 2 de Novembro, e no Hard Club, no Porto, no dia 3 de Novembro, como parte da sua aguardada European Tour 2025. Esta digressão surge na sequência do lançamento do seu oitavo álbum de estúdio, «Melodies Of Atonement», que foi lançado no dia 30 de Agosto do ano passado.
Como é já do conhecimento geral, os noruegueses LEPROUS têm solidificado uma posição de destaque no panorama do metal progressivo graças à sua capacidade de explorar territórios emocionais profundos, conjugando complexidade técnica com uma intensidade emocional rara. Liderado pelo carismático Einar Solberg, o grupo tem construído uma discografia sólida, marcada por álbuns aclamados como «Malina» ou «Aphelion», de 2017 e 2021, respectivamente. Em palco, os LEPROUS são sobejamente conhecidos por criar atmosferas imersivas, onde cada nota parece ecoar directamente na alma dos espectadores. Os bilhetes para os espectáculos estão disponíveis no site da Free Music Events.
















