Em mês de LEMMY, recordamos e dissecamos a sua mais emblemática canção.
Os LED ZEPPELIN podem ter feito o elogio dos citrinos. Os KISS fizeram um hino a Detroit. Os BLACK SABBATH definiram todo um estilo, logo nos seis minutos iniciais do primeiro LP. Os DEEP PURPLE viram fumo na água. Os LYNYRD SKYNYRD voaram para o lar doce lar, no Alabama, e por lá se despenharam. Os JUDAS PRIEST vestiram couro para subir ao palco.
Agora, a verdadeira cartada, essa foi lançada por Lemmy ao quarto álbum dos MOTÖRHEAD, um proverbial “Às de Espadas”. «Ace of Spades» é O TEMA. Lemmy, na sua biografia, sublinha que nos anos seguintes escreveu músicas bem mais interessantes, mas esta encerra uma trilogia de hits que, curiosamente, deram título a outros tantos álbuns. «Bomber», «Overkill» e «Ace of Spades».
Qualquer um deles, incontornável, e capaz de colocar o trio britânico no tal “melhor de sempre”. Editado a 27 de Outubro de 1980, esteve treze semanas no top britânico e voltaria lá em 2016, após a morte de Lemmy. Serviria também de banda-sonora a anúncios comerciais e, provavelmente. é mesmo um dos temas que mais versões recebeu ao longo dos anos. Para lá disso, foi uma verdadeira bandeira do grupo ao longo da carreira e o ás de espadas, muitas vezes fez sombra à própria mascote da banda, Snaggletooth.
As muitas interpretações que recebeu, por parte do próprio grupo, revelaram não só facetas deste, como na aparição de Lemmy, no célebre programa ‘The Young Ones’, mas também a maneira como foi sendo visto ao longo dos anos. Desde a aparição pura e dura na TV alemã, em 1981, à presença no mais snob e erudito ‘Jool’s Holland’, já em 1995, ou na fase final da carreira, em que a televisão já estendia a passadeira vermelha, no Jimmy Fallon, em 2011, todas são bons exemplos da mutação.
Atingido o estatuto de estrela, Lemmy encontraria no tema também uma forma de se reunir com amigos, como aconteceu quando trouxe Slash e Dave Grohl para o palco numa entrega de prémios. Seria também este o tema que muitos escolheriam para homenagear Lemmy aquando do seu desaparecimento, fosse Alice Cooper, ou todo o cartaz de um festival, como fez o Hellfest em 2016.
E fora do campo dos MOTÖRHEAD, fizeram-se versões? Claro que sim, e algumas bem interessantes. Primeiro foram alguns grupos mais extremos dos anos 80, como os ABBATOIR, SODOM ou BATHORY, neste último caso, uma versão até mal conseguida. Depois vieram as alternativas, de nomes inesperados como COAL, DEL AMITRI ou BENJI WEBBE.
Com o advento do Youtube, surgiram as bandas realmente alternativas, como HAYSEED DIXIE e a sua versão hillbilly. Talvez das mais recentes e com tudo para agradar a um colecionador, será a contida no EP «Vice Of Spades», dos VICE QUAD. Levando-se mais a sério, e com um cunho pessoal, há as dos UGLY KID JOE e BODY COUNT.
Sobram ainda muitas mais, muitas em jeito de elogio fúnebre a Lemmy. Por cá, os saudosos SHRINE usavam o tema como encore nos seus concertos. Algo recordado pelos SACRED SIN, que por vezes também o usaram e, aproveitando uma festa de lançamento, fizeram subir ao palco Simões, dos SHRINE, para tocarem o tema. Mais versões certamente virão, e inevitavelmente, um dia, em lugar de «Ace Of Spades», calhará um… joker! Em bom português, um duque com cenas tristes!