LED ZEPPELIN

LED ZEPPELIN: «III», a história de um clássico muitas vezes incompreendido

Hoje passam 54 anos desde o lançamento do icónico terceiro álbum dos LED ZEPPELIN. O «III» foi, não só um ponto de viragem para a banda, mas também um dos seus lançamentos mais controversos.

1970. Richard Nixon estava em funções, os Beatles estavam prestes a terminar a sua carreira, a Janis Joplin e o Jimi Hendrix já tinham morrido, e a guerra no Vietname estava em curso. O terceiro álbum de estúdio dos ingleses LED ZEPPELIN foi editado a 5 de Outubro desse ano, e faz hoje 54 anos. Com uma transição impecável da fusão de blues rock que exibiram nos dois primeiros discos para um som mais suave, acústico e até acessível às massas, o «III» foi o primeiro registo que conseguiu mostrar em toda a sua plenitude a verdadeira versatilidade do quarteto formado por John Paul Jones, Jimmy Page, Robert Plant e John Bonham.

Antes de iniciar a gravação deste disco, os LED ZEPPELIN tinham atingido pela primeira vez o lugar cimeiro na tabela da Billboard com o muito aplaudido «II» que, com canções como «Whole Lotta Love» e «Heartbreaker» no alinhamento, se afirmou como o álbum mais pesado da sua carreira. Essa percepção, aliada à enorme vontade de não se repetirem, ditou uma mudança no rumo seguido no terceiro álbum de estúdio.

Fortemente influenciado pelos locais em que decorreram as sessões de composição e gravação, as texturas idílicas e acústicas que dominaram grande parte dos temas acabaram por surgir de uma forma muito natural. Inicialmente, a dupla Page/Plant mudou-se para uma casa de campo no País de Gales chamada Bron-Yr-Aur, onde deram início ao processo de composição.

Mais tarde, juntaram-se a Bonham e Jones na Headley Grange, em East Hampshire, com a ruralidade destas áreas a inspirar um som diferente daquele que as pessoas estavam habituadas a ouvir da banda… Além disso, a sede de experimentação viu-os a explorarem também muitos instrumentos que até ali nunca tinham usado no contexto LED ZEPPELIN até este momento.

Pela primeira vez, John Paul Jones contribuiu com bandolim e sintetizadores, entre outros, mostrando ser muito mais do que apenas um baixista e expandindo o campo de acção do quarteto. Hoje, não é difícil perceber que estes instrumentos se fundiram de forma sublime numa sonoridade nova, o que deu origem a um álbum inesperado e sem precedentes.

Provavelmente só isso poderá explicar também porque é que os fãs dos LED ZEPPELIN e a maioria dos críticos da época ficaram tão confusos e reticentes quando ouviram pela primeira vez o «III», que acabou inevitavelmente por dividir opiniões e, até hoje, continua a ser visto como o registo mais divisivo e controverso da fase inicial da carreira dos LED ZEPPELIN .

Resultado: embora muito do que estes músicos fizeram seja, com razão, reverenciado até hoje, o terceiro álbum teve sempre os seus admiradores e detractores. Alguns simplificaram-no simplesmente como “um disco acústico”, outros olham para um inevitável desvanecimento da criatividade da banda após três anos intensos de gravações e tours. Só que não; nós, aqui deste lado, argumentamos que esta inteligente recriação do som que os tornou famosos lhes deu mais uns quantos anos de vida e o «III» é um dos melhores discos que gravaram precisamente por essa razão.

Há, no entanto, muita gente que concorda com esta visão. Apesar das reacções bipolares à data de edição, o álbum mostrou o grupo a atingir de novo o #1 das tabelas de vendas, onde permaneceu durante 19 semanas e hoje é um dos títulos de maior sucesso comercial alguma vez lançados pela banda.