Depois de, no ano passado, ter concretizado aquela que foi, sem dúvida, a sua mais ambiciosa edição de sempre, em 2023 o LAURUS NOBILIS MUSIC regressa novamente ao Louro, em Famalicão, nos próximos dias 20, 21 e 22 de Julho. Contando com os suecos KATATONIA e os polacos BATUSHKA como cabeças-de-cartaz, vão subir também ao palco os polacos HATE, os gregos SUICIDAL ANGELS, os suíços CHAOSEUM, os franceses AxDxT e os espanhóis SYNLAKROSS. Revelando uma aposta ainda mais forte do que tem sido habitual no talento português, o cartaz fica completo com a presença dos PITCH BLACK, ATTICK DEMONS, XEQUE-MATE, GRUNT, JUNKBREED, ANZV, CAPE TORMENT, HORUS, APOTHEUS, GODARK, GODSIN, MARCO ARAÚJO, DISHONOUR, INHUMAN ARCHITECTS, VIMARA, MISMATCH, SLEEP THERAPY, GREEN WATER POOL, OCEANS OF APATHY, ASHES REBORN. INN CULT, BLIND THE EYE, NADA ÉTICO, LIBERAD AL KRAKEN, CAPELA MORTUÁRIA e CABBRA. Os ingressos continuam disponíveis aqui. Recorde-se que a edição de 2023 do LAURUS NOBILIS MUSIC vai realizar-se num espaço diferente do que, no ano passado, recebeu os MANOWAR, LACUNA COIL e ORPHANED LAND, entre muitos outros. “Adversidades fazem parte da vida, mas a luta contínua“, explicou a equipa de produção do evento num comunicado nas redes sociais. Em baixo, já podes conferir os horários de todas as actuações.
Olhando à volta, é difícil pensar numa banda contemporânea que consiga expressar o inevitável receio da mortalidade de forma mais adequada que os KATATONIA. Ao longo de um percurso brilhante, que já ultrapassou as duas décadas de existência, o grupo liderado por Jonas Renkse e Anders Nyström transformou-se num dos nomes mais únicos e fascinantes nascidos do boom underground do início da década dos 90s e, hoje, afirma-se como uma proposta sem rival. Basta, de resto, olhar para os números, fazer as contas e torna-se rapidamente óbvio que os são uma daquelas bandas que nunca chegou ao mainstream, mas os tops só muito raramente são um sinónimo de qualidade artística. Ao longo de 30 anos sempre em crescendo constante, os músicos de Estocolmo gravaram uma sequência de discos irrepreensíveis e, apoiados em sucessivas tours perante plateias totalmente rendidas ao seu charme cinzentão, transformaram-se numa referência incontornável quando se fala em metal depressivo, mas também gótico, ligeiramente indie e cada vez mais progressivo; um exemplo perfeito de como, afinal, até é possível apelar a uma audiência transversal enquanto se esculpem pensamentos niilistas e melancólicos que, ao invés da norma, nunca chegam a cair em dramatismos bacocos.
Controversos como poucos nomes surgidos no underground do black metal contemporâneo, os polacos BATUSHKA apresentam-se repletos de imagens do cristianismo ortodoxo oriental e cantam exclusivamente em eslavo eclesiástico antigo. As canções contêm linhas de canto litúrgico apoiadas pela instrumentação e estética própria do black metal, e os músicos escondem-se por trás de mantos com capuz, que procuram manter as suas identidades anónimas. O muito aplaudido álbum de estreia do colectivo, intitulado «Litourgiya», foi lançado de forma independente em Dezembro de 2015 e, um tempo depois, os músicos dividiram-se em duas facções, cada uma delas determinada a continuar a fazer música e a tocar como BATUSHKA. A questão foi mediada de forma inconclusiva pelos tribunais e deixou ambas as bandas aptas a usar o nome legalmente. Uma, liderada pelo multi-instrumentista fundador Krzysztof Drabikowski, lançou o aclamado «Requiem» de 2019; a outra, comandada pelo vocalista Bartłomiej Krysiuk, assinou contrato com a Metal Blade e lançou «Hospodi» em 2019. Em 2021, ainda sem decisão final sobre os direitos do nome, esta última encarnação, que se vai apresentar em Famalicão, lançou de forma independente o EP «Raskol».