No Dia Internacional da Mulher, recuperamos esta opinião muito válida da cantora dos LACUNA COIL, uma das vozes femininas mais impactantes de sempre no universo da música pesada.
Numa participação no podcast Sobre La Dosis, Cristina Scabbia, a cantora dos italianos LACUNA COIL, respondeu a uma série de perguntas sobre como as visões de género sexual podem ter mudado no universo do metal desde que começou com a banda de Milão há cerca de três décadas. Cristina começou por dizer que as mulheres são mais aceites agora do que antes, mas não conseguiu esconder algum pessimismo em relação ao que o futuro reserva para o sexo feminino numa cena que continua a ser dominada por homens.
“Se sinto que as coisas mudaram? Com certeza, sim“, diz a voz e cara dos LACUNA COIL. “Quando comecei, não havia tantas bandas com mulheres nas suas formações. O metal ainda era um não-não para as mulheres, porque era uma cena muito dominada por homens. E ainda é, mas é óbvio que há por aí muito mais bandas com mulheres na formação, o que me deixa feliz, embora ainda sejamos vistas de forma diferente.”
No entanto, por outro lado, Scabbia parece resignada com a ideia de que as mulheres nunca vão estar a jogar no mesmo campo no que há música pesada diz respeito. “Não acho que algum dia venhamos a ser vistas da mesma forma e, em parte, está tudo bem porque, de facto, somos diferentes. De certa forma, sinto que nos movemos num mundo diferente“, acabou por confessar mais à frente na conversa.
Segundo a cantora dos LACUNA COIL, que fez 51 anos em Junho de 2023, a razão para tal pode muito bem estar no que considera ser o maior obstáculo para as mulheres que se movem no meio do heavy metal, e que é o facto de continuarem a ser julgadas pela sua aparência. “Aquilo de que não gosto ao ser uma mulher num mundo dominado por homens é que, muitas vezes, somos julgadas pela nossa aparência. E eu entendo isso; aliás, sei que muitos homens também passam pelo mesmo“, desabafou.
“No entanto, se um tipo tiver boa aparência, isso é uma vantagem. No caso das mulheres, se têm uma boa aparência, isso é uma vantagem em termos de atenção da imprensa; é uma vantagem em termos de… Sei lá, das pessoas se babarem connosco, mas não aumenta necessariamente o potencial que já temos. E isso é uma pena.”
Em suma, a frontwoman dos LACUNA COIL gostaria que todos pudessem ser julgados apenas pela sua música, e não por serem “apetecíveis” quando vestem umas calças justas. “Eu entendo que o visual é a primeira coisa que as pessoas veem, mas era fixe ir além disso, principalmente na música, onde o instrumento que tocas, a voz que estás a empurrar para fora do teu corpo e os sentimentos que estás a tentar transmitir com a tua música são as coisas mais importantes.” Podes ver a conversa na íntegra no player em cima.