Ontem à noite, os KREATOR, na companhia dos nacionais TOXIKULL e SACRED SIN, transformaram finalmente a Sala Tejo num verdadeiro altar do metal, numa celebração que fica marcada como um dos grandes eventos do ano.
Ontem, dia 16 de Dezembro, a Sala Tejo da MEO Arena, em Lisboa, foi palco de uma autêntica celebração do metal na companhia dos lendários KREATOR. Depois de um incidente técnico que, de forma frustrante obrigou ao cancelamento da actuação de Mille Petrozza e companhia no Verão passado, os gigantes do thrash germânico regressaram finalmente a Portugal determinados a oferecer um concerto memorável e, na companhia dos SACRED SIN e TOXIKULL, não decepcionaram a sua hora de seguidores. A noite, que começou com o vigor do metal luso, evoluiu para uma demonstração de pura brutalidade, enchendo o recinto de uma energia verdadeiramente avassaladora.
À semelhança do que se tinha passado em Junho, os TOXIKULL foram os primeiros a pisar o palco e a banda oriunda de Cascais, que tem conquistado cada vez mais espaço na cena nacional, não deixou os seus créditos por mãos alheias. Demonstrando confiança e profissionalismo, os músicos deram início à sua prestação com uma explosão de metal tradicional, misturando melodia e velocidade.
Entre os temas tocados, destacaram-se «Night Shadows», «Battle Dogs» e a já bem conhecida «Metal Defender», que arrancaram aplausos fervorosos da audiência. Com a mesma energia, destilaram também a orelhuda «Around The World», uma daquelas canções que reforçam a evolução criativa que a banda concretizou no seu mais recente LP de estúdio, e fecharam com «Cursed And Punished», provando uma vez mais porque continuam a ser apontados como uma das formações mais promissoras que a música pesada nacional tem actualmente para oferecer.
Seguiram-se os SACRED SIN, um dos nomes mais respeitados do death metal português, cuja actuação trouxe uma intensidade esmagadora à Sala Tejo. Com uma presença de palco sólida e um som denso, a banda liderada por José Costa e Tó Pica transformou o ambiente em algo visceral, com circle pits frenéticos e o primeiro crowd surfing da noite.
O alinhamento percorreu clássicos incontornáveis como «The Chapel Of Lost Souls», «Ghoul Plagued Darkness» e «Darkside», todos recebidos com entusiasmo pelos fãs, mas foi a novidade «Midnight» que captou mais atenção, dando um vislumbre de futuro para a banda veterana. Apesar de alguns momentos em que o som esteve ligeiramente “embrulhado”, a energia e o peso da performance garantiram uma actuação memorável.
O muito aguardado espectáculo dos KREATOR começou com um impacto visceral: «Hate Über Alles», o tema que dá título ao mais recente álbum da banda liderada por Mille Petrozza, marcou o arranque de uma actuação onde o caos e a energia foram protagonistas. Desde os primeiros acordes, ficou evidente que o público estava mais que preparado para uma noite memorável e, sem paragens, o alinhamento prosseguiu com «Phobia», que rapidamente desencadeou as primeiras ondas de mosh no coração da plateia.
A intensidade não cedeu e, entre inúmeros momentos marcantes, «Enemy Of God» destacou-se como um dos picos emocionais da noite, com o público a atingir níveis de euforia colectiva difíceis de igualar. Ainda assim, a clássica «Betrayer» trouxe um desafio capaz de elevar um pouco mais a fasquia: superar o espectáculo de crowd surfing da última passagem da banda pelos Países Baixos. Apesar de Lisboa não ter conseguido bater os números neerlandeses, o fluxo constante de corpos carregados pelas mãos dos fãs foi prova inequívoca da devoção e entrega do público luso.
Já na recta final, o concerto atingiu mais um crescendo imparável. «Flag Of Hate» transformou o recinto numa autêntica arena de destruição, enquanto «Violent Revolution» solidificou o estatuto avassalador do espectáculo. O encerramento do espectáculo, com a icónica «Pleasure To Kill», foi apoteótico, deixando a multidão em estado de êxtase e, uma vez mais, os KREATOR conseguiram provar que a sua relevância e força continuam intactas, numa noite que ficará certamente gravada na memória de todos os presentes.