35 anos deste clássico! Numa altura em que o nervo do thrash se começava a diluir, os KREATOR responderam com um petardo avassalador.
Originalmente chamados Tyrant, e depois Tormentor, os KREATOR foram criados em 1982 pelo vocalista e guitarrista Mille Petrozza, pelo baixista Rob Fioretti e pelo baterista Jürgen Reil (mais conhecido como Ventor) em Essen, na Alemanha. As suas duas primeiras maquetas, intituladas «Blitzkrieg» e «End Of The World», alcançaram milhares de fãs de heavy metal que participavam na movimentada rede de tape trading da época e o boca a boca positivo atraiu a atenção da Noise Records, que assinou um contrato com os recém-renomeados KREATOR e os colocou de imediato a trabalhar no seu primeiro álbum.
Gravada em apenas dez dias nos Musiclab Studios, em Berlim, a estreia «Endless Pain» chegou em 1985 e, com o seu thrash cru, tomou de assalto o underground. Depois de uma pequena digressão, os músicos voltaram ao estúdio e, desta vez com o produtor Harris Johns, gravaram o segundo álbum, «Pleasure To Kill». Lançado em 1986 e considerado o primeiro “clássico” da banda, o disco elevou os níveis com mais diversidade de tempos e maior atenção à execução técnica, sem perder absolutamente nada em termos de ferocidade ou velocidade.
A banda encerrou o ano com o EP «Flag of Hate» e não havia dúvida de que, ao lado dos Celtic Frost, os KREATOR se estavam a transformar rapidamente num dos principais competidores europeus do metal extremo. Gravado nos Horus Studios, em Hanover, Alemanha, com o produtor britânico Roy Rowland, o «Terrible Certainty», de 1987, não fez nada para diminuir essa percepção, já que, pela primeira vez, deu a Petrozza e companhia um pouco mais de tempo para trabalharem nas músicas antecipadamente.
A tour subsequente estabeleceu ainda mais a reputação dos músicos como guerreiros da estrada, viu-os reforçarem as suas fileiras com o guitarrista Jörge Trebziatowski e deu origem a mais um EP, intitulado «Out Of The Dark, Into The Light», lançado em Agosto de 1988. Nesse ponto, todos os sinais sugeriam que os KREATOR estavam prestes a dar um grande salto e, quando a Noise fechou um acordo com a gigante Epic para distribuição em grande escala nos Estados Unidos, Petrozza sabia que esta seria a sua melhor oportunidade de levar a banda para o outro lado do Atlântico.
Reunindo todas as suas energias criativas e aprimorando a composição, o músico liderou o grupo para os Estados Unidos, e colaborou com o produtor Randy Burns na criação de «Extreme Agression», outro dos marcos da história do thrash.
Lançado originalmente a 19 de Junho de 1989, numa parceria entre a Noise e a Epic Records, o quarto álbum dos dos thrashers KREATOR foi editado há exactamente 35 anos. O sucessor do muito aplaudido «Terrible Certainty», que tinha sido lançado dois anos antes, foi gravado nos estúdios Cherokee, E.Q. Sound e Music Grinder, em Los Angeles, na Califórnia, com Burns sentado na cadeira de produtor e, feitas as contas, foi o LP que catapultou a banda liderada por Mille Petrozza para a primeira divisão do thrash à escala global.
Contando com aquela que, à data, era a formação mais sólida do grupo — Petrozza na voz e guitarra, Jörg “Tritze” Trzebiatowski na guitarra, Jürgen “Ventor” Reil na bateria e Rob Fioretti no baixo –, os músicos uniram forças para gravar um disco feroz e brutal, que marcou a sua estreia na multinacional Epic. Fruto de uma distribuição mais forte, e com os clips do tema-título e da venenosa «Betrayer» a receberem exposição no Headbangers Ball da MTV, o disco acabou por transformar-se no maior sucesso comercial da banda até então, e a digressão norte-americana com os Suicidal Tendencies, que marcou a estreia da banda com o guitarrista Frank “Blackfire” Gosdzik, apresentou-os a um público novo.
Embora a produção não esteja ao mesmo nível do que bandas como os METALLICA já andavam a fazer nesta altura, mais de trinta anos depois é precisamente esse toque mais primitivo e desgarrado, bem patente em temas como «Extreme Agressions», «Some Pain Will Last» e «Betrayer», que destaca um disco como o «Extreme Aggression» de toda a competição que os rodeava. Em suma, assinaram uma descarga de thrash inadulterado, numa altura em que o nervo do género se começava a diluir.