GAEREA

O colectivo KING ULTRAMEGA, que junta elementos dos ALICE IN CHAINS, ANTHRAX e MASTODON, presta homenagem ao malogrado CHRIS CORNELL e promete angariar fundos para apoiar a saúde mental na indústria musical.

Os KING ULTRAMEGA, que são um super grupo formado por músicos dos ALICE IN CHAINS, ANTHRAX, MASTODON, METAL ALLEGIANCE e até SOUNDGARDEN, nasceram de uma aliança poderosa de talento, memória e causa social para celebrar a vida e a obra de Chris Cornell. A estreia faz-se com uma recriação visceral de «Rusty Cage», tema originalmente lançado pelos SOUNDGARDEN em 1991, incluído no muito aclamado álbum «Badmotorfinger».

Com apoio da editora Reigning Phoenix Music e da organização sem fins lucrativos MusiCares — o braço da Recording Academy dedicado à saúde mental, recuperação de dependências e apoio a profissionais da música — os KING ULTRAMEGA não são apenas uma homenagem, afirmando-se como uma chamada à acção e à resiliência através da música.

O primeiro alinhamento dos KING ULTRAMEGA junta William DuVall, dos ALICE IN CHAINS, na voz, Bill Kelliher, dos MASTODON, na guitarra, Mark Menghi, dos METAL ALLEGIANCE, no baixo e também Charlie Benante, dos ANTHRAX e PANTERA, na bateria. Segundo o comunicado de imprensa, “cada elemento trouxe para esta versão o seu cunho pessoal, mantendo-se, no entanto, fiel à estrutura e intensidade do original“.

William DuVall, que há anos ocupa o lugar de vocalista nos ALICE IN CHAINS, admite ter abordado esta gravação com reverência e contenção: “Limitei-me a seguir o meu amor pela canção e o imenso respeito que tenho pelo Chris. Como a faixa instrumental que o Bill, o Charlie e o Mark enviaram estava tão próxima do original, achei melhor manter-me nesse registo. A minha motivação para participar foi apenas aceitar um desafio interessante numa altura em que o mundo estava praticamente parado. Não tinha qualquer ambição além de publicarmos isto nas redes sociais, há cinco anos. Mas, se este lançamento puder ajudar também o trabalho importante feito pela MusiCares, então valeu a pena.”

Na guitarra, Bill Kelliher reproduz com precisão os riffs irregulares e cheios de tensão que caracterizam o tema, enquanto Mark Menghi imprime um groove espesso e dinâmico, com destaque para uma secção com baixo e wah-wah, que acentua a segunda metade, mais sombria, da canção. Charlie Benante honra o estilo explosivo e expressivo de Matt Cameron, captando o espírito “tight but loose” da bateria original com notável sensibilidade.

O melhor disto tudo? Esta versão de «Rusty Cage» serve apenas como ponto de partida para uma série de lançamentos que reinterpretarão temas não só dos SOUNDGARDEN, mas também dos AUDIOSLAVE, TEMPLE OF THE DOG e da carreira a solo de Chris Cornell. A ideia base é simples e poderosa: cada faixa contará com músicos diferentes e os lucros reverterão na totalidade para a MusiCares, reforçando o papel da música como veículo de cura e de solidariedade.

Theresa Wolters, directora interina da MusiCares, destaca a importância simbólica e prática do projecto KING ULTRAMEGA: “A voz e a presença do Chris significavam muito para muita gente, incluindo todos nós na MusiCares. Tanto ele como a sua família sempre defenderam a grande importância do nosso trabalho, e é profundamente comovente ver o seu legado continuar com um projecto que traz ligação, consciência e esperança à comunidade musical.”

O lançamento do tema de estreia dos KING ULTRAMEGA surge quase em simultâneo com a consagração dos SOUNDGARDEN no Rock And Roll Hall Of Fame — uma distinção há muito aguardada e que reforça a relevância duradoura da banda no panorama do rock e do metal alternativo. Ainda assim, o projecto é, cima de tudo, movido por paixão e propósito, assente na comunhão entre músicos que reconhecem em Chris Cornell não só um talento ímpar, mas também uma figura que lutou — e sucumbiu — a uma série de fantasmas que continuam a assombrar o mundo da música.

Ao colocar o foco na música de Cornell — rica em vulnerabilidade, raiva, beleza e dor — e ao canalizar os seus lucros para causas urgentes, os KING ULTRAMEGA acabam por transformar o luto em acção directa e, “ainda que não pretenda substituir o original, esta versão consegue ampliá-lo, abrindo espaço para novos gestos de empatia através do som“, lê-se no comunicado.

As próximas versões a serem lançadas pelo colectivo KING ULTRAMEGA ainda não têm datas anunciadas, mas a intenção é clara: continuar a dar vida ao legado do lendário Chris Cornell, um dos mais versáteis e poderosos vocalistas da história do rock, enquanto se constrói um caminho de apoio e transformação dentro da indústria musical.