“Com o material mais antigo a ser negligenciado durante tantos anos, o sentimento de ter ‘assuntos inacabados’ com um estilo que remonta às nossas raízes tornou-se cada vez mais forte”, desabafa o ex-guitarrista e membro fundador dos KATATONIA.
Após o inesperado anúncio da sua saída dos KATATONIA, Anders Nyström, guitarrista e um importante membro fundador da banda influente sueca, acaba de emitir um comunicado extenso e emocional, onde esclarece os motivos que o levaram a pôr fim a uma colaboração de mais de três décadas com o cantor e compositor Jonas Renkse. Esta decisão, segundo o músico, resultou de um afastamento criativo e pessoal entre os dois músicos, marcando assim o final de uma das parcerias mais icónicas e duradouras do metal melancólico e progressivo.
Nyström inicia o seu comunicado com uma nota de pesar. “Triste, mas verdadeiro. Chegou o momento de confirmar que os caminhos que o Jonas e eu escolhemos para os Katatonia e para nós próprios se tornaram demasiado distantes e separados, e, como resultado, a nossa colaboração de longa data chegou ao fim”, diz o guitarrista, reconhecendo que o afastamento criativo entre a dupla se tornou irreversível, levando à inevitável separação.
Ao longo da mensagem, Nyström também refletiu sobre o peso histórico da sua ligação a Renkse e o impacto do trabalho que construíram juntos ao longo de décadas: “Sendo nós os dois que fundámos os Katatonia há quase 35 anos, e tendo em conta que conseguimos levar a nossa missão até este ponto, é inevitável que o legado da banda continue a desempenhar um papel enorme para ambos e a viver para sempre, ainda que sob uma luz diferente, capturada pelo nosso passado, futuro ou pelos muitos capítulos entre eles.”
Para o guitarrista, o percurso partilhado com Renkse foi um feito notável que continuará a marcar tanto a sua vida como o percurso artístico de ambos. Contudo, Nyström destacou que o desfasamento entre as suas visões sobre o futuro dos KATATONIA se tornou cada vez mais evidente, especialmente no que diz respeito ao repertório ao vivo, e lamenta o facto do material mais antigo ter sido tão negligenciado nas últimas décadas.
“Ainda adoro TODOS os nossos álbuns, mas com o material mais antigo a ser negligenciado durante tantos anos, o sentimento de ter ‘assuntos inacabados’ com um estilo que remonta às nossas raízes tornou-se cada vez mais forte. Não consigo deixar de sentir que os temas do nosso repertório inicial e intermédio merecem ser igualmente reconhecidas e visadas para o nosso repertório ao vivo, o meio essencial onde o passado deveria estar sempre vivo! Infelizmente, essa porta foi mantida fechada, deixando tudo o que fizemos antes do milénio num vazio.”
Nyström expressa um desejo claro de revisitar o material dos primeiros anos da banda, defendendo que o passado deveria ser honrado de forma mais equilibrada nos concertos. Para ele, o repertório das fases iniciais dos KATATONIA foi injustamente esquecido, criando uma sensação de “assunto inacabado”. Esta frustração parece ter sido um dos fatores determinantes para a sua decisão de se afastar.
No comunicado, Nyström também sugere que os KATATONIA poderiam ter encerrado as suas actividades sob o nome original, permitindo que Jonas Renkse seguisse um novo rumo criativo com uma identidade renovada: “Com a saída de um de nós, os Katatonia poderiam e deveriam ter sido encerrados mutuamente, enquanto explorávamos a liberdade de continuar em qualquer direcção desejada sob um novo nome. Mas, com o Jonas agora a reagrupar-se com novos membros e a seguir em frente na sua própria direcção, já não preciso de esperar para ver para onde sopra o vento para entrar nesse vazio e agarrar tudo aquilo que foi abandonado. Afinal de contas, o legado dos Katatonia repousa em ambos os extremos da linha temporal.”
O guitarrista termina o comunicado com palavras de gratidão e respeito por Renkse e os restantes ex-companheiros de banda: “Aconteça o que acontecer, gostaria de agradecer ao Jonas e ao resto dos meus ex-colegas pela incrível viagem que partilhámos ao longo de quatro décadas cativantes. Que sejam todos abençoados!”.
Por enquanto, os KATATONIA ainda não anunciaram um substituto para Anders Nyström, mas Renkse já deu a entender que a banda continuará a explorar novos caminhos. Quanto a Nyström, a referência a “assuntos inacabados” sugere que o guitarrista poderá revisitar o material das primeiras fases da banda, possivelmente sob uma nova forma ou num novo projecto.

