Anders Nyström revela divergências com Jonas Renkse sobre o futuro dos KATATONIA, e diz que a banda devia ter “sido enterrada” após a separação da dupla de membros fundadores.
A separação entre Jonas Renkse e Anders Nyström, os dois membros fundadores dos KATATONIA, não foi tão pacífica quanto parecia inicialmente. Depois do anúncio oficial de que Renkse continuará com a banda e Nyström seguirá um novo caminho, o guitarrista divulgou um comunicado onde expõe todo o seu descontentamento com a direcção que a banda sueca tem tomado nos últimos anos.
Na passada segunda-feira, dia 17 de Março, Jonas Renkse emitiu um comunicado oficial onde agradecia a Anders Nyström pelos anos dedicados à banda e reiterava a ideia de que os KATATONIA continuariam com novos membros. Na altura, o tom foi cordial e respeitoso, sugerindo até que a separação tinha sido amigável. No entanto, apenas um dia depois, Nyström quebrou o silêncio com um comunicado próprio, revelando que a situação é mais complexa do que parecia.


No texto, divulgado na página oficial dos KATATONIA, o guitarrista sueco criticou a tendência crescente da banda para ignorar o material mais antigo nos concertos, concentrando-se quase exclusivamente nos álbuns lançados desde «The Great Cold Distance», de 2006. O guitarrista considera que o repertório mais “clássico”, digamos assim, também merece o seu lugar de destaque nas actuações ao vivo, algo que tem sido consistentemente negligenciado.
“Não consigo deixar de sentir que as músicas da nossa discografia inicial e intermédia também merecem ser reconhecidas e integradas no repertório dos nossos concertos, o meio essencial onde o passado deveria estar sempre vivo!”, afirmou Anders Nyström, apontando para uma frustração acumulada com o rumo artístico do grupo. No entanto, o ponto mais contundente do comunicado, chegou quando Nyström sugeriu que os KATATONIA deveriam ter terminado como um projecto conjunto apís a sua saída, permitindo que os dois músicos seguissem caminhos criativos separados sob um novo nome.
“Os KATATONIA podiam e deviam ter sido mutuamente enterrados, enquanto explorávamos a liberdade de continuar em qualquer direcção desejável sob uma nova designação. No entanto, com Jonas a reestruturar a banda com novos membros e a navegar numa direcção própria, já não preciso de esperar para ver para onde o vento sopra para entrar nesse vazio e agarrar-me ao que foi abandonado.”
Dúvidas restassem, esta frase deixa bastante claro que Nyström e Renkse tinham visões profundamente diferentes sobre o futuro do grupo e, enquanto Renkse optou por manter o nome e avançar com novos músicos, Anders sugere que o espírito original da banda foi comprometido e que o fim da longa parceria criativa entre os dois devia ter marcado um encerramento simbólico da carreira dos KATATONIA. Como é óbvio, esta fractura pública entre a dupla de fundadores expõe tensões artísticas que, provavelmente, se vinham a acumular ao longo dos anos.
O foco exclusivo no material mais recente e o abandono das composições mais antigas parecem ter sido a gota de água para Nyström, cuja ligação ao passado da banda é visivelmente mais forte que a de Jonas. De momento, ainda não está bem claro qual será o próximo passo para o guitarrista, mas as suas palavras sugerem que tanto pode estar pronto para ressuscitar o fundo de catálogo dos KATATONIA como poderá explorar novos caminhos criativos. Os fãs, por sua vez, ficam agora perante um cenário dividido: apoiar a continuidade de Renkse ou seguir Nyström em possíveis novos projectos.