Editada originalmente a 14 de Setembro de 1993, foi a banda-sonora de JUDGMENT NIGHT que, para o melhor e o pior, abriu o caminho para a fusão do metal com o hip-hop.
Lançada há mais de três décadas, a banda-sonora do filme ‘JUDGMENT NIGHT’ revelou-se desde logo inovadora no que toca ao cruzamento do metal com o hip-hop e, mesmo passados tantos anos, continua a manter-se com um registo seminal de crossover — pelas melhores e pelas piores razões. Contendo colaborações de alguns dos maiores nomes de cada género naquela época, por um lado mostrou-nos o potencial que a fusão de metal e hip-hop podia oferecer; por outro, abriu caminho para a enxurrada de propostas sem grande mérito que se seguiu ao boom do nu-metal no início dos anos 2000.
É certo e sabido que, embora estejamos perante um marco essencial da história da música mais pesada, a banda-sonora de ‘JUDGMENT NIGHT’ não marcou efectivamente a primeira vez que o rock e o hip-hop se cruzaram. Em 1986, tinham sido os AEROSMITH e os RUN DMC a quebrar, literal e figurativamente, a barreira entre os dois géneros com a sua colaboração no vídeo-clip de «Walk This Way». Depois, em 91, os ANTHRAX e os PUBLIC ENEMY tinham gravado a «Bring The Noise» e o álbum de estreia dos RAGE AGAINST THE MACHINE, lançado em Novembro de 1992, também já dava que falar.
No entanto, a verdade é que ninguém tinha tentado fazer um disco inteiro com colaborações de bandas de rock/metal com artistas de hip-hop até Happy Walters, um tipo fascinante que administrava a carreira dos CYPRESS HILL, dos HOUSE OF PAIN e o catálogo da Immortal Records, ter congeminado o conceito. Os artistas com que trabalhava já se tinham envolvido com o rock; ambos fizeram parte do Lollapalooza em 1992 e tiveram oportunidade de se dar a conhecer ao público do rock alternativo. Quando EVERLAST conseguiu um papel em ‘JUDGMENT NIGHT’, Walters assinou um contrato como produtor executivo da banda-sonora e tratou de colocar a ideia em prática.
As 11 colaborações contidas na banda-sonora de ‘JUDGMENT NIGHT’ adoptaram abordagens diferentes ao projecto; alguns artistas trabalharam juntos, outros fizeram as suas partes separadamente e deixaram os produtores juntá-las. No entanto, cada dupla de colaboradores que concordou em aparecer no álbum teve que descobrir como trabalhar de forma criativa em conjunto. Para muitos dos artistas de hip-hop, foi a primeira vez que gravaram com uma banda ao vivo. E a maioria dos grupos de rock/metal não estavam habituados, de todo, a trabalhar com batidas em loop ou com a síncope das rimas.
Talvez por isso, a banda-sonora de ‘JUDGMENT NIGHT’ resulta numa experiência estranha, fixe e à frente do seu tempo (a «Another Body Murdered» continua a ser qualquer coisa de outro mundo). E, acima de tudo, (por muito que o Billy Gould, dos FAITH NO MORE, diga que não) foi o disco que abriu o caminho que conduziu a evolução do rock/metal para o nu-metal no final dos anos 90 e início dos anos 2000, que deu origem a uma fase que acabou por ser um dos estertores da música pesada como parte significativa do mainstream… Dependendo do vosso ponto de vista, isso tanto pode ser uma coisa boa como má, mas vamos deixar isso ao vosso critério.
01. SONIC YOUTH & CYPRESS HILL: «I Love You Mary Jane» | 02. BIOHAZARD & ONYX: Judgment Night | 03. HELMET & HOUSE OF PAIN: Just Another Victim | 04. LIVING COLOUR & RUN DMC: Me, Myself & My Microphone | 05. SLAYER & ICE-T: Disorder | 06. DINOSAUR JR. & DEL THE FUNKY HOMOSAPIEN: Missing Link | 07. TEENAGE FANCLUB & DE LA SOUL: Fallin’ | 08. MUDHONEY & SIR MIX-A-LOT: Freak Momma | 09. FAITH NO MORE & BOO-YAA TRIBE: Another Body Murdered | 10. THERAPY? & FATAL: Come And Die | 11. CYPRESS HILL & PEARL JAM: Real Thing