Entre memórias, paixão e novos públicos, Ian Hill, o baixista dos JUDAS PRIEST, revela o que continua a mover a lendária banda britânica.
Na próxima sexta-feira, dia 27 de junho de 2025, os JUDAS PRIEST regressam a Lisboa para encabeçar a noite inaugural do EVILLIVƎ FESTIVAL, no Estádio do Restelo. Uma coisa é certa: este não será apenas mais um concerto na já longa carreira do lendário grupo britânico. Para Ian Hill, baixista fundador e o membro mais antigo da banda, trata-se, isso sim!, de mais um capítulo numa história que ultrapassa cinco décadas de dedicação ao heavy metal — uma jornada marcada pela resiliência, pela inovação e por uma ligação única ao público.
Em entrevista à LOUD!, Ian Hill partilhou a serenidade e a gratidão que há muito o caracterizam. Ao falar sobre o que o continua a motivar a subir ao palco, deixou claro que o entusiasmo permanece inalterado, mesmo após milhares de concertos, viagens e gravações. “Fazemos isto porque gostamos, sabes? Ainda gostamos de tudo no que fazemos. Não apenas de tocar, mas de conhecer pessoas, os lugares por onde passamos. Tudo isso. E de absorver as diferentes culturas aqui e ali.” Estas palavras reflectem o espírito dos JUDAS PRIEST: uma banda que nunca viu as digressões como um simples dever profissional, mas como uma oportunidade de partilha, descoberta e comunhão com os fãs.
Talvez por isso, o regresso a Portugal tem um sabor particularmente marcante. Desde a estreia no país, na digressão de «Painkiller» em 1991, ao lado dos Pantera e Annihilator, que os JUDAS PRIEST mantêm um contacto caloroso com o público luso, e Ian expressou o carinho que os músicos sentem pelo nosso país: “Estamos ansiosos por voltar a Portugal. Somos sempre muito bem recebidos aí.” Para uma banda que está habituada a percorrer os quatro cantos do mundo, esse sentimento de acolhimento faz toda a diferença. Além disso, mais de três décadas depois da estreia, a expectativa de reencontrar os fãs num festival de grande dimensão representa, para o grupo, uma espécie de renovação de votos com o público nacional.
Ao longo da conversa, Ian Hill revelou aquilo que o mantém motivado para continuar na estrada: não são contratos milionários nem a obrigação de manter vivo o legado — é, acima de tudo, o amor à música e o gosto pelo contacto humano. “Tenho tido a sorte de fazer aquilo de que gosto para viver. Foi um prazer durante todos estes anos. E queremos continuar.” Esta simplicidade contrasta com a grandiosidade do que os JUDAS PRIEST representam.
No fundo, a banda sobreviveu às mudanças de gerações, às tendências passageiras e às dificuldades da indústria porque se manteve fiel a si própria: músicos que gostam de tocar, de estar juntos e de partilhar a sua arte com quem os ouve. Para Ian, parte desse prazer passa também por absorver as culturas dos locais por onde passa. O heavy metal, lembra, não é apenas música: é também comunidade e partilha. É por isso que cada regresso a um país como Portugal traz uma nova oportunidade de reforçar laços e criar memórias.
Outro aspeto que mantém viva a chama dos JUDAS PRIEST é a autenticidade dos seus espectáculos ao vivo. Hill sublinhou a importância de continuar a fazer as coisas da forma mais genuína possível: “Muito raramente recorremos a faixas pré-gravadas ou coisas do género. Mas ali estamos nós, os quatro, cinco ou seis músicos em cima do palco.” Num tempo em que muitos artistas recorrem à tecnologia para recriar no palco o som de estúdio, os JUDAS PRIEST mantêm-se fiéis ao espírito do heavy metal: músicos reais, a tocarem instrumentos reais, com os riscos e as recompensas que isso implica.
Ao olhar para trás, Ian Hill não esconde a surpresa por tudo aquilo que os JUDAS PRIEST conseguiram alcançar. Quando começaram, nos anos 70, não havia propriamente um roteiro para uma carreira tão longa no rock pesado. “Se pensarmos nisso, músicos populares com esta longevidade praticamente não existiam. Nunca pensámos que isto pudesse durar tanto tempo. Nunca, nem num milhão de anos“, diz ele. Esta consciência de que tudo poderia ter sido bem diferente alimenta um sentimento de gratidão. Cada nova digressão, cada novo concerto — como o que vai acontecer no Estádio do Restelo — é vivido como um privilégio e não como um fardo
Para os JUDAS PRIEST, o regresso a Lisboa no EVILLIVƎ FESTIVAL terá ainda outra dimensão: o encontro com novas gerações de seguidores. Muitos dos que estarão no Estádio do Restelo na próxima sexta-feira nasceram depois da edição de álbuns como «Painkiller», «Jugulator» ou até «Angel Of Retribution». No entanto, a paixão pelo metal e a força da música dos JUDAS PRIEST continuam a passar de geração em geração. Ian vê nisso uma das razões para continuar caminho: “O público está lá. E estará sempre lá. As pessoas curiosas estarão sempre lá. E no futuro continuarão a estar.” Para uma banda que sempre apostou na autenticidade e no respeito pelo público, essa fidelidade é a maior recompensa.
Portanto, na próxima sexta-feira, os JUDAS PRIEST não subirão ao palco apenas para revisitarem um LP de culto, o «Painkiller», ou um catálogo lendário de canções. O concerto será mais uma prova viva de que, passados mais de 50 anos, a motivação e o prazer de partilhar música continuam a ser o verdadeiro motor da banda. Para Ian Hill, para os seus companheiros de palco e para os fãs que se reunirão no Restelo, será uma noite para reforçar uma ligação construída com honestidade, dedicação e paixão. E, como o próprio baixista assume com humildade, será mais um momento para agradecer por uma vida inteira dedicada ao heavy metal: “Estou eternamente agradecido por isso.”
Os bilhetes para o EVILLIVƎ FESTIVAL continuam disponíveis em evillive.rocks, com o passe geral de três dias à venda por 169€ e o passe de dois dias (28 e 29 de junho) por 139€. Os portões abrem no dia 27 de Junho, marcando o início de três dias que prometem ficar para sempre gravados na memória colectiva dos fãs de metal em Portugal.

