Jinjer

JINJER + OKKULTIST + SOTZ’ @ LAV – Lisboa Ao Vivo, Lisboa | 29.06.22 [reportagem]

Noite previsível (e concretizada) de enchente no LAV para ver os JINJER no seu tão aguardado (e algumas vezes adiado) regresso a Portugal. Não só se tratava de uma ocasião especial por esse motivo, mas também por ser o único concerto da banda em nome próprio numa digressão composta por datas em festivais um pouco por toda a Europa. Para a data nacional, duas bandas nacionais a acompanhar, os lisboetas OKKULTIST e os portuenses SOTZ‘ que cumpriram na perfeição a sua missão. Começando exactamente por estes últimos, entraram em palco cheios de garra e não encontraram nenhuma oposição por parte de uma sala com a assistência ainda a compor-se. «Popol Vuh», o álbum de estreia de 2020, forneceu todas as munições certeiras, principalmente o tema-título ou a sequência com a instrumental «IxChel» e a «Siege Of Tikal». Death metal moderno e totalmente enquadrado com o espírito da noite, numa grande actuação por parte da banda de Dan Vesca. Já os OKKULTIST têm uma tonalidade mais tradicional, mas também obtiveram uma excelente reacção por parte do público. A estreia discográfica de 2019, «Reinventing Evil», foi quase exclusivamente o foco da performance da banda de Beatriz Mariano, sendo que «Sacred Brutality» foi o único tema recuperado do EP «Eye Of The Beholder». A banda também foi recebida de braços abertos e tal como os SOTZ’, de certeza que os OKKULTIST conquistaram ali mais uns fãs, merecidamente. Duas excelentes bandas, numa fase ascendente e de quem esperamos nova música com elevadas expectativas.

Por falar em expectativas, era palpável a excitação que uma sala à pinha para ver novamente os JINJER. Obviamente que existe todo um interesse redobrado em relação à banda devido à situação actual na Ucrânia e ao papel que lhe foi atribuído pelo governo do seu país como embaixadores e angariadores de fundos e conscientização da invasão da sua terra natal. Desde o primeiro momento que Tatiana Shmaylyuk e seus pares pisaram o palco que tiveram o público aos seus pés. Uma posição da qual usufruíram com humildade e simpatia, ainda que poucas vezes se tenham dirigido ao público. A música falou por eles, principalmente temas como «Pit Of Consciousness», «I Speak Astronomy» e a inevitável «Pisces», que levou o público à loucura – e que foi anunciada de forma irónica como aquela música que não tocavam há algum tempo. Sem surpresas, «Wallflowers», o último álbum de originais, foi o que teve mais tempo de antena, mas a impressão que nos deu foi que… Tocassem o que tocassem, a reacção e recepção teria sido apoteótica na mesma. Tatiana esteve imparável e não se cansou de agradecer ao público. Não faltou a menção, obviamente, à guerra — com direito a dedicatória (“fuck”) a Putin, com a «Home Back» e um pedido de aplausos para os SOTZ’ e para os OKKULTIST. «Colossus» colocou um ponto final num concerto  intenso e que alguns acharam que terá sido curto. O balanço final diz-nos que foi na medida certa, um regresso que serviu de bálsamo tanto para a banda como para os seus fãs. A música tem esse efeito e esse poder, e são concertos assim que nos fazem manter esta ideia presente.

Fotos: Jorge Botas