38 anos deste clássico intemporal! Aqui, partilham-se memórias da aquisição do «Somewhere In Time», recorda-se o fascínio único dos IRON MAIDEN e faz-se uma reflexão sobre a importância capital da banda britânica nas nossas vidas.
Quando o «Somewhere In Time» saiu, eu era um menino. Foi no Verão em que passei as últimas férias com o meu pai e foi ele que me gravou o álbum em fita. Uma cassete que continha muito mais do que música. Eu já estava na senda do quanto-mais-pesado-melhor, que me definiria mais uns anos; no entanto, os momentos-Maiden faziam falta para limpar o sistema das constantes sovas de thrash alemão (e outras extremidades).
Este disco, mais do que nenhum outro, teve esse efeito catártico. Embora não seja dos mais “rodados”, é um álbum que se evidencia pela diferença. Só por isso já merece ser conhecido e aprofundado. Bocejo no vosso fear ov da dark pastilha-elástica. Os IRON MAIDEN mantiveram o seu “estilo” ao longo de cinco álbuns, decidem experimentar outros ventos, e o resultado, criticável ou não, é surpreendente.
A marca diferenciadora é, desde logo, o uso de guitarras e baixo sintetizados, algo que normalmente é meloso e estraga muita coisa. No caso dos IRON MAIDEN, foi usado com mestria e sem exagero, criando uma atmosfera única e envolvente. Traz um extra de melodia, sim, mas a banda permaneceu coerente e construiu mais um disco de heavy metal de referência, especialmente para o universo power metal. Dickinson dá as cartas todas.
Os IRON MAIDEN estavam mais poderosos do que nunca após a longuíssima World Slavery Tour. O «Live After Death» é editado e, a dada altura, a banda finalmente pode gozar de merecidas férias. Meio ano depois, Adrian Smith surge com as bases do que viria a ser o «Somewhere In Time». Reparte alguns créditos com Steve Harris. Bruce desta vez não tem um papel preponderante na composição.
Talvez para algumas pessoas este seja o seu «The Butterfly Effect», embora possua alguns dos melhores momentos musicais da banda. Na altura, no mercado discográfico nacional, eram praticamente nulas as importações de discos de metal e o som sagrado difundia-se via fita, de headbanger para headbanger. Os Maiden foram das poucas bandas a ter edição e distribuição nacional e isso permitiu, a eles e ao heavy metal, alcançar novas hostes. Algo que sempre continuaram a fazer.
Embora old-timers, os IRON MAIDEN rejuvenescem o heavy metal. São parte da sua essência e os seus professores. Todos os seus álbuns na década de 80 possuem o seu brilho e marcaram o seu momento. Escolher um preferido é difícil, não o consigo fazer, mas este marca um pilar essencial para mim e não o coloco atrás de outros mais óbvios.
Os IRON MAIDEN fazem parte da banda-sonora de muitas das nossas vidas, vão continuar a fazer sempre, especialmente se fizerem discos com o mínimo interesse e disserem “estamos vivos”. Fazem bem mais que isso, a sua máquina nunca voou tão alto e a composição permanece com nível e egoísmo saudável a qualquer banda metal que se preze. Fazem o que querem e como querem. Há algo a retirar disto.
Assim começou a queda da dama de ferro…